Pipocas
A velha amarga sentada no banco da praça, exageradamente pintada e sufocada num daqueles vestidos de festa. Ela está lá lançando pipocas para as pombas, como se fossem pedacinhos de seu solitário ego. As pombas de pezinhos deformados mancam: "_são burras!" grita a velha.
A velha proterva e sua platéia emplumada, lança broncas, pragueja, reclama da cor das penas, chama-as de fedidas.
No banco da praça ela manda, chupa o sal dos dedos com cuidado pra não riscar o esmalte invejável. Soberana retoca o batom, joga os piruás restantes para sua audiência e o saquinho amassado ali mesmo no chão, anda por entre o povo orgulhosa espalhando seu perfume doce de catálogo,
"_Tudo pose, quem fez as pipocas foi o pipoqueiro...." Comenta uma pomba com a outra.