Descarga
Lâminas que trespassam veias, coagulando o stress. Remédios que são prescritos para conter os fluídos corporais, evacuados a despeito da desidratação iminente. Livros que são devorados a fim de preencher o vazio existencial, muitas vezes eclipsado por pueris aquisições materiais; no mundo das acumulações, prefiro alimentar-me de palavras do que riquezas. Medos que são perdidos e fixados no retrovisor, ao que sigo no trânsito de ideias, compulsivas e convulsivas, atropelando e passando por cima de qualquer serenidade que porventura me acometa. Aliás, verdadeiro cometa este turbilhão sensorial-cognitivo que me arrebenta cotidianamente, descarrila meu trem e me coloca ribanceira abaixo. Não há cinto de segurança nem airbag que aguente. Ah, aonde estava mesmo? Apenas seguindo o frenesi automobilístico que polui e congestiona minha mente, já tão pavimentada, mas nem por isso, organizada. Eu nem sei por que estou escrevendo isso. Apenas escrevo. E ao escrever, liberto-me de toda a cadeia de acontecimentos da semana, abrindo a tampa da panela de pressão a fim de que a cabeça não estoure, levando absolutamente tudo pelos ares. Mas bem que seria bom voar por aí de vez em quando, não?! Desde que com moderação.