Dadá X Polly (EC 18/02/19 - A Boneca)

Quando criança tinha uma boneca chamada Dadá. Ela era muito prática para uma criança, resistente, toda de plástico, inquebrável. Eu gostava muito dela. Era minha companheira de todas as horas.

Um dia, meu irmão, bem cheio de fases, cismou em ficar com a boneca. Meu Deus! Nem parecia aquele homem sisudo que se tornaria tão machista. Ali era apenas uma criança, querendo brincar, não importava que brinquedo fosse. Hoje, talvez, muito provavelmente, até se irrite com a lembrança deste episódio, porque imagine lembrar que quis a Dadá.

Mas o fato é que quis, e cismou em brincar com ela, e até levar para a escola. Não me recordo se realmente chegou a levar (Imagino o que seria!) Mas lembro-me bem de não ter mais ficado com ela, porque ele não a soltava, pelo menos naquele dia foi assim.

Dos dia seguintes, e de como foi o paradeiro desta boneca, não lembro.

Mas outro fato sobre boneca aconteceu já adulta, com filho, e quero pular bem muito no tempo para citá-lo aqui.

Meu filho é um doce! Sempre querendo me agradar e lembrar-me como me ama, me enchia de presentinhos, muitas vezes feitos por ele mesmo, ou cartinhas, bilhetinhos, enfim, fofo, muito fofo!

Um destes mimos foi uma boneca. Uma boneca de elevado preço e da moda. Eu a achei tão lindinha. Tão delicada! Era uma Polly.

Muito diferente da Dada, a Polly era frágil, magrinha, não muito resistente para uma criança brincar, e pequena. Eu, já adulta, podia guardá-la no meu porta-jóia, e foi o que fiz.

A Dadá, boneca da minha infância, que meu irmão quis e acabou tomando de mim, para brincar e ficar até cansar, e que eu permiti, sendo a irmã mais velha, nem liguei, deixei!

Agora com a Polly a coisa foi bem diferente!

E haja criança a querer esta boneca. Quem a via no meu porta-jóia, queria! Mas agora, já adulta e crescida, que nem mais com boneca brincava, não dava, de jeito nenhum! Nem pensar! Meu filho a dera para mim, não a queria me desfazer. Eu tinha um carinho enorme por ela.

O fato dos sentimentos provocados pelas duas bonecas me faz ter algumas conclusões. Talvez as coisas materiais tenham em si algum valor, mas maior é aquele que o damos sentimentalmente. A Dadá era minha bonequinha, mas eu não a prendi quando meu irmão a quis, soltei! Já a Polly tinha uma carga sentimental muito grande porque foi um presente do meu filho. Não era por ser cara, por ela em si, mas por quem a havia me dado. Muito provável eu chorar se a perdesse. E da Dadá, nem lembro o que aconteceu com ela.

Dá para levar isto para muita coisa na vida. E como muitos dizem, falta apenas cravarmos no coração tal coisa, não vale muito o dinheiro, a coisa material em si, mas o sentimento, a emoção, quem somos para nós mesmos e para os outros a quem amamos. Essas coisas são o que importam na vida.

A reunião mais importante que seja, o melhor filme, a melhor roupa, a coisa que foi mais séria que você teve de se compromissar, foi realmente assim tão necessária? Você lembra dela?

Vem cá! Encosta aqui a cabeça no meu ouvido e me diz: Do que realmente você lembra da sua vida? Que momento foi realmente importante? O que foi que o levou a uma emoção extrema?

Que tal responder a estas perguntas para si mesmo, e ver o que realmente importa na vida. E quem sabe correr para aquele encontro não-marcado, ou para aquele telefonema inesperado. Vamos lá pensar e definirmos nossas prioridades, o que realmente nos faz feliz! Voilà!

P.S.: Esta é a minha primeira participação nos exercícios daqui do recanto. Achei muito legal participar. Obrigada pela oportunidade.

Leia os outros textos:

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Francilangela Clarindo
Enviado por Francilangela Clarindo em 18/02/2019
Reeditado em 18/02/2019
Código do texto: T6578271
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