Encantosia #096: A LAVAGEM DA CASA GRANDE
Como é bom relembrar boas saudades!
Vejo-me ainda criança, bem pequeno,
Minha mãe, meu pai, minha família,
Missão Velha, Missão Nova, o Outro Lado,
Vila Joaca Rolim, renomeado.
Memórias em fornida mobília...
Isso papai fazia a contento.
Vida alegre, sem monotonia,
Brincadeiras a quebrar rotinas,
quer com meninos, quer com meninas,
Mas tudo com respeito e harmonia.
Com graça e saber, lá eu crescia.
Tinha sede de conhecimento,
Eu, na biblioteca do Vovô,
Que, como traça, livro a devorar,
Leituras que me fazem arvorar
Mente abastecida, qual pivô
Que impulsionaram meu crescimento.
Menino franzino, ora robusto,
Viveu, lidou e amadureceu.
Formou família, cresceu, venceu.
Galgou sucesso a precioso custo.
De volta à leitura memorial...
Algo mui marcante e divertido
No período da moagem da cana,
Do corte, os cambitos ao fabrico
De rapadura, a lembrar-me, fico.
Doce registro que, do imo, emana.
Vem à baila qual mel derretido.
E, finda a safra da rapadura,
Da Casa Grande, vem a lavagem,
Logo, a mudança depois da moagem.
Momento de grande investidura.
Íamos nós quais formiga em mudança.
By: Bosco Esmeraldo
Encantosia #096:
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Casa Grande, não era casa sede de senhor de escravos, mas a casa principal do sítio do meu avó Joaca Rolim, assim chamada por ser mesmo grande, para diferenciá-la da casa sede do engenho que era bem menor que ela.
Curiosidade, o engenho do meu avô foi batizado com aspersão de água benta pelo pároco da freguesia de Missão Nova e recebera o nome de batismo, Antônio.
Foi a primeira e última vez que vi o batismo de uma máquina, mas, como diria o Ariano Suassuna, "só sei que foi assim".