Oraculoco
Meu oráculo são os loucos, os mortos, os tortos.
Traça-lhe caminhos sob as trincheiras do universo
Rasga-se as vestes da ilusão;
Rega-se o solo que cobre o chão;
São práticas tão enaltecedoras das mãos que cuidam,
Que fazem brotar novas vidas.
Carne. Vida. Matéria. Morte.
Meus oráculos são os velhos, as crianças , e os mendigos
Quero poder ser como o Bobo, que sem medo caminha rumo à precipícios, pois sabe que se cair as asas de sua liberdade irão lhe resguardar.
Pousarás então como pássaros pousam em grandes e pequenas árvores, e dali cairás o fruto maduro, guardando o conhecimento que pode ser revelado em uma única mordida.
Nasce o pecado santo,
cobre-se com um manto,
desata ilusões e fantasias.
E a alma pode enfim se despir do corpo,
Meu oráculo são as cartas, os peixes, os búzios, e os curingas
E no breve tilintar de guizos ouço chegar
Os palhaços loucos arlequins e alegrias
com toda magia e filosofia
Revelando uma consciência não dita e esquecida, Lembram-nos em largos risos frouxos sobre o mundo, questionando as verdades, dando dúvidas às respostas e revirando tudo aos avessos. Os gritos e os versos.
Sacode louco! Sacode mais um pouco!
A vida breve e carnal
Como um eterno carnaval
O que seria o pecado se não uma desobediência litúrgica ?
Esse corpo pagão faz tremer terras e defuntos. Cultiva o fruto, a colheita e o alimento.
Essa carne sólida que alimenta a terra é o mesmo que peca, que soa, que sua, que goza, chora e vira rio.
Meu oráculo é a água doce, a terra farta, o fogo crepitante e o vento andarilho