ahhhhhhhhhhhhhhhh

Vejo este campo longo, florido, contornos como desenhados à mão.

Cores que se esparsam pelos morros ao fundo, pelas pétalas caídas ao chão.

Não há exatamente um caminho que o atravesse de forma delineada -

existem, apenas, possíveis trilhas não existentes, por entre os caules.

São, ali, as plantas; é a terra; são pedras; árvores; montanhas.

Eu, não estou. Eles, também não. Nem elas. Nem ele. Ela, também não.

Há também o céu. Azul forte como forte é a cor do rouxinol. Há o sol.

Descrevo... Descrevo... E, por entre esta e aquela palavra, me esqueço. De você.

Mas só de vez em quando. Descrever, descrever, descrever.

Pensar no campo, pensar no campo, pensar no campo.

Pensar neste fone que está na minha cabeça e na música que, por ele, vai tocando.

Guitarra, bateria, vozes, agora somente piano, piano.

Vou tocar piano.

Vou to-car pi-a-no.... Piiiii-a-noooooo... papapapapapapá!

Palavras, palavras, palavras. Pra não pensar. Pra não pensar.

Em você.

ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh! agás!

gás, gás, gás,

do fogão, do butijão, do caminhão.

bibibibi, passou, na rua, um furgão

vendendo sorvete,

há muitos e muitos anos atrás,

quando eu era criança e brincava

e nada mais.

záz, záz

pula, pula, pulando

tudo ao redor girando

e nada

e tudo!

E o campo florido. E, eu, nele. A passear.

Me deixe ir... Me deixo ir?

Pra nunca mais.

Pra não voltar.

Pra acabar

este poema experimental.

FIM! FIM!

(adiantou não,

ainda está aqui...

mas tá bão,

vou dar um jeito de me decidir

é... Espero que sim.)