Encantosia #078: Nas Entrelinhas
NAS ENTRELINHAS
O poeta não morre quando
dá seu último suspiro...
Ele jaz, morto, mesmo em vida,
quando cai no esquecimento,
quando perde o sentimento,
a atenção que lhe é devida
o respeito por sua lida,
em seu descontentamento.
Quando sua voz é silente,
sem eco, no limbo escorre,
vazio, em nada concorre,
nada lhe deixa contente.
Vive vestido em saudade,
de quando foi ou quando era,
iludido em vã quimera,
de sem lastro, por vaidade,
num surto de insanidade
de sonho que não prospera.
Introspetivo, isolado
de seus antigos leitores,
disperso de seus mentores
e tão mortal, desolado.
Anda por trilhos, por linhas,
Brilhando nas entrelinhas.
***
By: Bosco Esmeraldo