Poe/Art - Interpretação - Imagem
"Bota Velha"
"Bota Velha"
Talvez do avô, de pai para filho passou,
Conte-me a tua estória, eu não me incomodo.
Juro que presto atenção, sinto esta comoção,
Fala-me de suas pegadas, das sandálias de suas amadas,
Dos charcos onde andou, das pedras e latas que chutou,
Das lustrosas graxas, das flanelas sujas na calçada,
Das tachas em ti pregadas, do couro gasto na estrada...
_Fala-me bota velha! Eu quero te ouvir!
Mostre-me teus arranhões, a tua velhice és sedução.
Me digas do teu sapateiro, um mestre por inteiro,
Os jardins em qual pisou, aranhas e baratas que esmagou,
De suas idas e vindas, marias fumaças que embarcou,
Dos hotéis qual pernoitou, seus cadarços embaraçados,
_Diga-me bota velha, preciso te ouvir,
Seus toque-toques da escada de casa,
Da alegria no coração da sua amada
Agora a sua aposentadoria chegou...
Iremos festejar!
Contigo bota velha nos alegrar,
Virarás molde, há de ser poesia, obra de arte,
_Eu preciso parar, quem sabe outro dia conversar,
pois; tens ainda muita história para contar.
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