MEU SER OBSCURO (Série Reflexiva Mente) ROBERTA LESSA
Há um espaço de silêncios que esconde segredos malcriados e injustiçados:
 
- de invejas sentidas e jamais assumidas.
- de temores absurdos e jamais esclarecidos.
- de raivas gratuitas e jamais ditas.
- de medos antecipados e jamais contra'tacados.
- de ganâncias concatenadas e jamais divulgadas.
- de dores amargurantes e jamais cessantes.
- de sonhos libidinosos e jamais revoltosos.
 
Sou esse hiato denominado por saberes, recalcados e impressões.
 
 
Há um hiato de palavras que distorce metas profanas e diáfanas:
 
- de roupas mal dormidas diante dos mudados.
- de lápides mal remuneradas diante dos engodos.
- de fomes mal consumidas  diante dos lodos.
- de montanhas mal traduzidas diante dos lobos.
- de risadas mal digeridas diante dos exalados.
- de vilas mal contidas diante dos períodos
- de iras mal suprimidas diante dos métodos.
 
Sou esse atalho contaminado por sabores, pervertidos e digressões.
 
 
Há um atalho de mortalhas que desnuda sabedorias nuas e cruas:
 
-  de velhas vitórias de velhos viajantes e doentis hábitos.
-  de duras memórias de duros divagantes e febris óbitos.
-  de obscuras estórias de obscuros gigantes e viris trejeitos.
-  de fortes escórias de fortalecidos rompantes e quadris refeitos.
- de débeis glórias de debilitados mutantes e pueris  eruditos.
- de cegas injúrias de cegos distantes e  barris  malditos.
- de nulas teorias de futuros  nu.los e  colibris inóspitos.
 
Sou esse abismo  distanciado por fatores, afiados e repressões.
 
 
Há um abismo de vendavais que acirra tramas nítidos e vívidos:
 
- de cerrações que cerram e cortam desejos.
- de aberrações que aterram e migram lampejos.
- de distorções que emperram e singram desterros.
- de condições que enterram e migram urros.
- de apreensões que erram e juram sussurros.
- de ilusões que encerram e notam berros.
- de facções que jorram procuram aterros.
 
Sou esse substrato denunciado por inibidores, medos e opressões.
 
 
Há um substrato de almas que reverbera todas verdades e deidades:
- de ponto de observação deveras anunciado.
- de litúrgicos de dominação deveras emancipados.
- de famintos de contemplação deveras dilacerados.
- de gostos de anunciação deveras anuviados.
- de lúmen de constelação deveras ataviados.
- de dons de lamentação deveras emocionados.
- de caminhos de proliferação deveras autenticados.
Sou esse exército enunciado por oradores, segredos e delações.
 
 
Há um exército de invisíveis que acumula sedes traumáticas e estáticas:
- de  idas e voltas de países por empreender.
- de  idas e voltas de povos por compreender.
- de  idas e voltas de  mulheres por defender.
- de  idas e voltas de  velhos por esquecer.
- de  idas e voltas de crianças por  crescer.
- de  idas e voltas de nações por engrandecer.
- de  idas e voltas de chãos por entardecer.
Sou esse desacordo inebriado por tratores, degredos e elucubrações.
 
 
Há um desacordo de mentes que anuncia mortes incertas e incorretas:
- de certezas  de estradas onde pés ainda pisarão.
- de espertezas de entradas onde mentes ainda viajarão.
- de grandezas de sacadas onde olhos ainda habitarão.
- de nobrezas de passadas onde corações ainda contemplarão.
- de sutilezas de cruzadas onde mãos ainda aquecerão.
- de clarezas de ponderadas onde ouvidos ainda zunirão.
- de bonitezas de caladas onde sonhos ainda realizarão.
Sou esse espaço agoniado por saberes, arremedos e deduções.
 
Roberta Lessa
Enviado por Roberta Lessa em 18/07/2017
Código do texto: T6058223
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