Delirium
-Amor?...É simples, ela disse.
Mas não é só uma questão de coisas que dão certo,
de tesão, de paixão.
- Amor é bem mais que isso, ela continuou.
- O amor resiste mesmo quando tudo tá virado de cabeça para baixo,
quando nada parece se encaixar.
é uma coisa que contrariedades não conseguem desfazer,
e se por acaso se desmanchou,
é por que no fundo não era amor.
Ela parecia ter certeza do que dizia,
sentada na beira da cama, com seu copo de vinho pela metade,
e um baseado aceso nos dedos,
como se nada pudesse atingi-la.
Eu ouvia calado,
e ponderava sobre tudo o que ela havia dito.
ela passou o baseado e eu dei um trago profundo,
eu via, seu rosto iluminado pela meia luz do quarto,
e ela sorria,
saboreando o momento e minhas dúvidas.
Ela gostava da minha cara de pensativo,
gostava de saber que tinha entrado na minha mente.
O pior é que eu já estava entregue,
e cada palavra que dizia, tinha um peso
e acertava exatamente onde ela queria,
quase que calculadamente.
O cigarro apagou e eu o joguei no cinzeiro.
Encostei a cabeça no travesseiro e ela deitou com a cabeça em minha coxa.
- Nunca vai ser fácil, apesar de ser simples... Ela emendou.
- Não sei. Respondi.
Ela rolou pela cama e terminou com o rosto junto ao meu e sussurrou.
- Fecha os olhos que eu te mostro.
Resolvi obedecer, e deixar que ela me levasse
para qualquer lugar que ela quisesse naquela noite.