Ensaio #007: MULTIPLICAÇÃO À IMAGEM DE CRISTO JESUS (Estudo)
Voltando de viagem, fui ao pomar buscar frutas da época. Era janeiro de 2010.
Esperava colher muita manga, goiaba, seriguela e cajarana. Decidi por esta última, primeiro. Para minha surpresa, encontrei poucas cajaranas. Em compensação, colhi só naquela manhã cerca de duzentos maracujás grandes, pesados e suculentos. Mas, como pode um pé de cajarana dar maracujá? Há algo de inconsistente nessa história.
Calma aí! Calma aí, pessoal. Cajaraneira dar maracujá em vez de cajarana, fere todo o princípio divino - “Cada um frutifique segundo sua espécie”, assim determinou o Eterno. Mas fato é que colhi maracujá na cajaraneira.
Todos sabem que maracujá dá em rama. É uma planta trepadeira que depende do caule de outra espécie para poder dar fruto. Dois anos antes havia plantado quatro pés de maracujá e os aguava diariamente. Cresceu lentamente a ponto de eu esquecer de tê-los plantado. Certo é que nunca os deixei de regar, pois abri regadas por todo o pomar para que, de uma mesma fonte, pudesse aguar todas as árvores frutíferas. Assim, embora tivesse esquecido daquelas trepadeiras, nunca as deixei de alimentar com água e nutrientes. Esta é a razão pela qual pude, literalmente, colher uma fruta no caule de outra espécie.
Viajando nessa loucura, há décadas atrás, o palhaço Carequinha gravou essa marchinha:
“Subi na mangueira pra apanhar jabuticabas,
“Veio o dono das laranjas:
_ Não me roube essas goiabas.
“Olê, olê! Olê, olá!
“Subi no morro pra apanhar maracujá…
É possível uma espécie gerar outra espécie? A resposta é NÃO! Isso é impossível. Cada qual produz fruto à sua imagem e semelhança.
Voltando para a raça humana, nossos filhos saem a nós: traços físicos, emocionais e intelectuais. Temos visto isso se repetir desde que o mundo é mundo. Mesmo que misturemos as raças, essa lei natural não falha, mas se replica minunciosamente. Nós reproduzimos aquilo que nós somos cultural, física e emocionalmente.
Perguntaram, certa vez, a um conselheiro de casais, quando seria o momento ideal para começarmos a ensinar a nossos filhos, ao que ele respondeu prontamente: _ “Vinte anos antes de eles nascerem”. Em outras palavras, “Educa-te a ti mesmo antes de pores filho no mundo, pois eles serão o que tu és, à tua imagem e semelhança”.
O SENHOR ao criar Adão e Eva deu-lhe uma diretiva: _ “Crescei e multiplicar e povoai a terra”. Deus criou o modelo de filhos que deveria ser reproduzido e multiplicado e, antes que isso acontecesse, o pecado tirou nossos primeiros pais da comunhão com o Pai. Tornaram-se seres rebeldes e perdidos. Foi isso que eles reproduziram de geração a geração. É uma lei natural. Reproduzimos aquilo que somos.
Paralelamente, no âmbito da Igreja, ocorre a mesma coisa. Quando o SENHOR comissionou seus discípulos, tinha em mente que eles se reproduziriam mundo afora, gerando filhos espirituais para o Pai. “… ide por todo o mundo, fazei discípulos de todas as nações (famílias), ensinando-as a guardar todas essas coisas que vos tenho ensinado, batizando-os em Nome do Pai, do Filho e do espírito Santo e estarei convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.”
Que tipo de discípulos somos? Que tipo de discípulos estamos gerando para Cristo? Você talvez dirá: _ “Discípulos semelhantes a Jesus”.
Muito bem! Este é o ideal, mas retorno outra pergunta: _ “Mas até que ponto você é semelhante a Jesus?” _ Você só pode reproduzir discípulo semelhante a si mesmo. Se você for semelhante a Jesus, tudo bem. Do contrário, estará simplesmente clonando seu ego em série.
Para que possamos ser verdadeiros discípulos do SENHOR, temos que ter genuína conversão. Temos que experimentar a Boa, Agradável e Perfeita Vontade de Deus. Somente pela transformação de nossa mente, nosso entendimento, nosso proceder é que podemos experimentar essa vontade e já, transformados em novas criaturas, poderemos nos reproduzir em discípulos com o verdadeiro caráter de Cristo.
Fomos chamados para sermos discípulos de Cristo e ganhadores de almas (Mr 16:16, Mt 28:19-20).
O que caracteriza um Discípulo de Cristo?
I. PRELIMINARES – CARACTERÍSTICAS DE UM DISCÍPULO DE CRISTO:
1. Conversão, Batismo, Novo Nascimento;
1.1. Somos nascidos de novo?
1.2. Há transformação interior que se externize em proceder, ética
e compromisso?
1.3. Temos bom testemunho entre os familiares e os de fora?
1.4. O que mais precisamos mudar para, de fato, sermos novas
criaturas?
2. Submissão (Ef 5:21);
2.1. Um líder de verdade, antes de tudo, é submisso ao seu mentor,
líder, comandante.
2.2. Aceitamos sem problemas uma ordem, um comando?
2.3. Temos rejeição por algum tipo de autoridade?
2.4. O contrário de submissão é rebeldia.
3. Crescimento Espiritual;
3.1. Todo ser que nasce tem que se desenvolver. Isso se dá por
fases ou etapas.
3.2. Assim como no curso normal da vida física, na espiritual
também ocorre:
a) O (novo) nascimento;
b) Infância espiritual, crescimento, adolescência e maturidade.
Infelizmente, poucos atingem a maturidade espiritual e a
grande maioria não sai do berçário espiritual. Já imaginou
uma criança no comando de uma grande obra? Um grande
dispensário só para fraldas. Um líder imaturo fatalmente
gerará discípulos imaturos.
c) É preciso sair da zona de conforto se quisermos crescer
espiritualmente.
d) Necessitamos ler a Palavra de Deus e nela meditar dia
e noite se quisermos crescer e passar de fase.
e) A oração é o meio eficaz de colocarmos em prática a
Palavra e obtermos intimidade com o SENHOR e Sua obra.
f) Servir é fundamental para que possamos crescer. _ “Melhor
é dar do que receber”, _ diz o SENHOR (Lc 18.24; At 20:35,
1 Tm 5:17-18).
g) Só ao gerarmos filhos é que podemos amadurecer de fato
em todos os aspectos. Assim é o obreiro de Cristo. Sem
frutificação não há crescimento espiritual.
4. Compromisso com a obra de Deus (Ef 5:1) – Imitadores de Deus:
4.1. Sem o crescimento espiritual é impossível termos compromisso
com a Obra de Deus.
4.2. Enquanto crescemos, vamos praticando as boas obras, o
serviço e, durante este serviço, também temos chance de
crescer mais ainda.
4.3. A obra do SENHOR em primeiro lugar;
5. Serviço (Lc 22:27):
5.1. Manutenção do Templo;
5.2. Manutenção da Obra através dos dízimos e ofertas
(I Cor 9:7-15);
5.3. Manutenção do Culto;
5.4. Desenvolvimento dos Dons e Ministérios (I Cor 12...);
5.5. Desenvolver o hábito de prestar contas aos seus líderes e
pastores (Hb 13:17).
6. Frutificação e Discipulado (Jo 15:1-8,16).
6.1. Todo servo deve se comprometer, diante do SENHOR:
6.2. Ganhar pelo menos uma vida por ano para o SENHOR;
6.3. Discipular, encorajar e enviar o discípulo para fazer o mesmo.
II. MULTIPLICAÇÃO:
1. Discipular o novo convertido até que este se torne a imagem de
Cristo, refletindo Seu caráter;
2. Fazer sempre reciclagem em todas as fases de seu crescimento.
2.1. Em qualidade. O discipulado é o principal responsável pela
qualidade dos membros;
2.2. Em número. Ganhar vidas através do serviço em qualidade
chegaremos ao incremento numérico.
3. Após essas fases e reciclagem, a Igreja estará apta para suportar
crescimento numérico, pois certamente o fará com qualidade.
Não ter pressa, mas perseverar sempre. Jesus investiu três anos
com seus discípulos antes de os enviar.
4. Lembremos que, sem nós, Deus continua sendo Deus com todos
os seus atributos. Nós, com Ele, mesmo sendo um nada, somos
um tudo, mas sem Deus, somos apenas um “nadésimo” de nada
(Jo 15:5).
5. Multiplicar-se entre seus familiares mais próximos, entre os
vizinhos e indo até os confins da terra. A Igreja tem que ser
missionária. Tudo é missão, a partir do próprio Templo Base. A
Igreja que não faz missões está fadada a fossilização e perde
sua razão de ser.
6. Rodar o PDCA.
6.1. O que é PDCA?
a) Sigla de um procedimento administrativo:
P – Procedimento (execução, recrutamento, proselitismo);
D – Discipulado, detalhamento, dispositivos;
C – Controle (acompanhamento);
A – Adestramento (treinamento, capacitação, reciclagem).
b) Rodar o PDCA sempre que concluirmos uma fase, antes
de passar para a próxima.
c) Aplicar o PDCA em cada discípulo novo e veterano
também.
d) O objetivo da Igreja não é ter um imenso berçário
espiritual, mas que todos cheguem ao nível máximo de
desenvolvimento.
e) A Igreja não é o lugar de pessoas perfeitas. As perfeitas
já foram recolhidas ao céu. Temos gente de todos os tipos,
convertidas e ainda em fase de conversão. Pessoas
maduras e imaturas. Enfermos e restaurados. Somos um
grande hospital espiritual com doentes nos leitos sendo
tratados por aqueles que já foram restaurados.
Bem-vindos à multiplicação em qualidade!
Bem-vindos ao Reino de Deus na Terra!