Caminho - Reconciliação
Era um cômodo com uma porta que não se abria.
Uma porta sem fechaduras sem trancas, que pelas frestas se observava que atrás dela havia um outro cômodo, e quem sabe quantos mais depois dela.
Mas por muitos anos, a porta foi empurrada e não se abriu. A curiosidade de ver outro lado desconcertou muitos nas tentativas de transitar de um para outro cômodo.
Um dia foi possível abrir a porta. Ela não deveria ser empurrada.
Ela abriu quando puxada.
A construção humana, colocou a porta entre dois cômodos com níveis diferentes. Toda vez que a porta era empurrada ela batia no degrau. Quem saísse poderia empurrar-la, quem precisasse entrar precisaria puxa-la.
Os obstáculos são humanos.
No principio, na origem não tínhamos sequer noção dos obstáculos, das diferenças, dos degraus. Não era necessário qualquer reconciliação.
Construimos uma caminhada ao longo dos tempos. Por medo, por ignorância, movidos por interesses materialistas e mesquinhos, nos colocarão em uma perspectiva desvencilhada do princípio original.
As ferramentas desenvolvidas, os métodos, os sentimentos associados, ofuscam o verdadeiro objetivo existencial, colocando-nos em uma redoma individualista, competitiva, quando a regra é o associativismo, a cooperação, a interdependência, a colaboração, o coletivo.
Não a luta a ser vencida senão um caminho de retorno, com toda bagagem, com a experiência, com humildade. Assim seremos melhores.