TOC TOC (Série Diálogos Poéticos) ROBERTA LESSA
ADENTRA SEUS ESPAÇOS OBSCUROS
Soube de si o poeta quando de si saíra, e num breve lampejo de lucidez, raro em sua poética insanidade, soube da cor de suas letras e do sabor de suas palavras: poetizou-se e fez -se poema.
TECE NELES MAIS QUE FUTUROS
PENETRA SEUS INSTANTES POÉTICOS
Ontem chegou ao fim, ao sim a aura desponta e por traduzir-se arte a poesia torna-se ritmo para que na palavra jamais ausente a inspiração daquele que a conduz por entre florestas de pensamentos. Nada mais é senão servo das rimas cantantes e assim o poeta jamais se desvinculará dos rumos que sua gramática literária o conduz: rimou-se e fez-se fonema.
BUSQUE NELES MOMENTOS BENÉFICOS
SAIBA DE SI MAIS QUE DE FACES DELAPIDADAS
Toda memória é cravada à cada momento vivenciado e jamais deve ser repudiado tal valor que tem teor de vida bem vivida. Desafiadoramente todos riscos oferecem oportunidades de vitórias das mais diversas, tanto nossa quanto d'outrem: Aprofundou-se e fez -se piracema.
VIVA A INTENSIDADE SEM TEMER VERDADES
EM DIÁLOGO COM O POEMA "Fora de Mim" DE AUTORIA DE ARIE MORAES:
"Sentado, cansado, quase sem vida
minha alma está fora, fora de mim,
do meu lado olhando nos meus olhos
querendo dizer algo, algo que não entendo,
fala baixo, não compreendo a linguagem da alma
Não sei se é meu corpo
ou minha alma que tá expirando
de dor, tristeza ou desamor
talvez, seja um conjunto de sintomas
que me deixa doente e alienado
ao ponto de esquecer quem sou
com algumas lascas de memória
lembrei que era poeta,
escrevia poemas doces de amor,
que droga que bebi ou usei, não sei
Pode ser o amargo da vida,
punhaladas e porradas
fizeram minha alma
sair de dentro de mim
pra não morrer como to morrendo."