Sobre pontes e poetas

Poeta pula da ponte

e morre afogado

na própria mágoa.

e some

em silêncio,

ninguém vai ouvir sua voz calada

em texto.

ou as batidas no teclado do computador,

que serviam de anestésico para suas dores

e quem lia

se é que liam,

se viam sua dor,

não a sentiam

ou não davam importância,

dor de poeta é sempre subestimada,

como se fosse menos real...

como se fosse licença poética.

Poetas pulam de pontes,

de prédios

ou dentro de copos de bebida

e maços de cigarro,

poetas definham

em repartições públicas,

ou em bares

Poetas fodem

e se fodem,

amam e desamam,

Mas quando o poeta morre

deixa um pedaço de si

no papel

e nos outros

que viviam ao redor,

e todo mundo fala...

"Era uma pessoa do caralho"

Mas quando o poeta sobe na marquise

de um prédio

ou na mureta de um abismo

as pessoas dizem,

"Olha lá, o doido.

Fazendo cena de novo."

Poeta só faz cena mesmo,

Vive assim porque é um desajustado

de cabeça fraca.

Ah... mas puta que pariu...

que gente chata do cacete

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 08/06/2017
Código do texto: T6021544
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