Pro lado certo da estrada
Então, de uma hora para outra, tudo tinha acabado.
Não de uma hora para a outra, na verdade,
foi um caso de morte lenta,
eu só demorei a perceber,
e quando percebi, a realização ocorreu num instante,
o abalo foi mais real que a coisa toda.
Como dois anos podem se resumir a apenas uns poucos minutos?
Dois minutos de tragédia, dois anos de ilusão,
e eu, aos trinta e poucos, tendo que me levantar novamente
me sentindo um idiota...
Quantas vezes eu já percorri essa estrada
pra lugar nenhum?
A bad já me reconhece e deixa a porta aberta,
parceira velha de guerra.
Fico sentado, pensando se deixo espaço dentro de mim
para ódio e rancor,
por quem me trouxe até aqui.
Concluo que não vale a pena...
gasto inútil de energia...
Junto os meus cacos, jogo fora tudo que acumulei,
mas que não faz parte de mim,
jogo tudo no mato, sonhando com os próximos anos,
com meus próximos passos,
quando toda essa dor vai deixar de ser relevante
na minha vida
talvez eu esteja num bar, tomando uma cerveja,
ou escrevendo um poema, como esse,
ou talvez eu dê de cara um sorriso e fique cego,
completamente entregue.
Talvez um dia, eu pare de me afogar
no meu próprio sentimento de derrota
e consiga emergir
novo,
ressurecto,
pronto pra andar para frente
pro lado certo da estrada.