Pro lado certo da estrada

Então, de uma hora para outra, tudo tinha acabado.

Não de uma hora para a outra, na verdade,

foi um caso de morte lenta,

eu só demorei a perceber,

e quando percebi, a realização ocorreu num instante,

o abalo foi mais real que a coisa toda.

Como dois anos podem se resumir a apenas uns poucos minutos?

Dois minutos de tragédia, dois anos de ilusão,

e eu, aos trinta e poucos, tendo que me levantar novamente

me sentindo um idiota...

Quantas vezes eu já percorri essa estrada

pra lugar nenhum?

A bad já me reconhece e deixa a porta aberta,

parceira velha de guerra.

Fico sentado, pensando se deixo espaço dentro de mim

para ódio e rancor,

por quem me trouxe até aqui.

Concluo que não vale a pena...

gasto inútil de energia...

Junto os meus cacos, jogo fora tudo que acumulei,

mas que não faz parte de mim,

jogo tudo no mato, sonhando com os próximos anos,

com meus próximos passos,

quando toda essa dor vai deixar de ser relevante

na minha vida

talvez eu esteja num bar, tomando uma cerveja,

ou escrevendo um poema, como esse,

ou talvez eu dê de cara um sorriso e fique cego,

completamente entregue.

Talvez um dia, eu pare de me afogar

no meu próprio sentimento de derrota

e consiga emergir

novo,

ressurecto,

pronto pra andar para frente

pro lado certo da estrada.

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 07/06/2017
Reeditado em 07/06/2017
Código do texto: T6020844
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