Constatação

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Me levou 31 anos, incontáveis porres, ressacas, noites de insônia, três relacionamentos falhos, uma sociopata e muitas reflexões para que eu conseguisse entender.

As coisas não vão dar certo simplesmente por que eu espero que elas deem certo.

Eu nunca fui dado a orações, ou a pedir a Deus. Eu sempre fui de fazer o meu e torcer pelo resultado. Em matéria de amor parece que eu fiz tudo errado, sempre. Parece que eu não aprendi as regras, ou simplesmente estou ultrapassado.

Foda-se. Nem nisso adianta pensar.

Sabe-se lá o que adianta.

Não estou interessado em uma solução mágica ou uma receita especial.

Não estou interessado em mais porres e relações casuais,

Não quero sexo pelo sexo. Pela pele.

Tesão cego.

Em vez disso eu escolho simplesmente viver

de mãos dadas com o tempo.

Claro, o tempo é um parceiro filho da puta.

Você sempre acha que tem mais do que tem na verdade. Quando menos espera ele te dá uma rasteira.

As pessoas tem uma percepção distorcida dele, assim como do amor.

E a minha, a mais distorcida de todas, de tão tosca insiste em não mudar,

Míope, anacrônico, cansado,

já sou um velho, se encaminhando para a segunda parte da própria história.

E eu quis. Quis muito poder refazer meus próprios passos

voltar aos vinte e poucos e dizer a mim mesmo,

“Deixa de ser idiota, pivete.”

Acho graça, cinicamente.

Meu coração fica acelerando, feito cavalo desembestado,

e eu sei que não tenho maturidade nem criatividade

para criar ou querer algo de diferente para mim mesmo.

Ficarei preso às minhas ideias românticas e aos meus livros.

às minhas histórias mal acabadas e minhas bebedeiras.

Mas por quanto tempo mais?

Novamente, o tempo, aquele filho da puta sádico,

pode me dar mais uma rasteira

E EU de tão estúpido,

nunca aprendi a cair bem.

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 24/05/2017
Reeditado em 05/06/2017
Código do texto: T6007556
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