Dez dias
O destino é inexorável.
Diz um ditado Nórdico que de vez em quando reaparece na minha cabeça.
Lembrar dessas palavras me traz sempre algum conforto quando estou enfiado em alguma das minhas tragédias sentimentais. – Vez ou outra eu me apaixono por alguém, mas o fim é sempre o mesmo... eu me fodo -
Daí o ditado me diz que isso é inevitável,
tinha que acontecer. Talvez seja meu destino ficar caindo nessas ciladas... E talvez eu tenha algo a aprender com isso.
Estou estranhamente sóbrio. Hoje foi um dia sóbrio entre vários outros encharcados de vinho e cerveja. Estou sóbrio e completamente estéril. Dez dias sem escrever uma linha.
Dez dias de pura procrastinação,
Dez dias completa inutilidade.
Me disseram que um homem que não busca progresso e autoconhecimento é um desperdício.
E talvez eu esteja realmente desperdiçando minha vida nos últimos tempos.
Mas o que eu vou fazer? Minha cabeça é uma bosta ultimamente. Incapaz de juntar palavras de uma forma que façam algum sentido.
E como eu me sinto quando não consigo escrever? Eu me sinto um saco de esterco.
Incapaz de fazer a única coisa que eu consigo fazer com alguma decência.
É como se eu fosse um corredor profissional e um dia me arrancassem uma perna.
Mas, o destino é inexorável. Não há para onde fugir... a não ser para dentro.
Olho para dentro de mim e vejo o que eu não quero. Por isso o álcool... por isso os dias preenchidos com inutilidade.
sinto-me arrastando correntes enquanto escrevo esse texto. Nada é fluido.
Nada é fluido.
Mas eu estou aqui, lutando contra essa merda de correnteza e tentando fazer algum sentido para mim mesmo.
Essa é a única luta que eu sei lutar.
Estando sozinho, me sobra pouca coisa além disso.