Ensaio #020: OS FUNDAMENTOS DE UMA CONSTRUÇÃO
Os que desistem facilmente jamais saberão o verdadeiro
gostinho da vitória.
[Od L'Aremse, SIMPLEISMO SAPIENTE #404:]
Uma boa construção requer fundações adequadas, profundidade e dimensões corretas.
O tipo do terreno determinará a resistência, e robustez do edifício em construção. A escolha do tipo adequado evitará problemas futuros de estrutura e acabamento. Evitar terreno com excessiva umidade no solo é fundamental. Não negligenciar o fato de que haja ou não pragas que comprometam a obra em projeto ou execução. Formigueiros, cupins, entulhado na superfície, subsolo ou cercania são indesejáveis e podem danificar em definitivo sua construção. A proximidade com cemitério, aterro sanitário, despejos industriais ou hospitalares inviabiliza a possibilidade de uso de recursos hídricos de superfície ou lençol freático além de tornar a atmosfera inóspita. Formigueiros impõem rachadura e possível afundamento da obra, tornando-a imprópria para uso ou habitação. O mesmo ocorre com cupins e traças que comprometeram a saúde física do imóvel.
Resolvida a questão de fundação, seguem a elevação de colunas, paredes e lajes, conforme o projeto até chegar à cobertura e acabamentos. Isso imprime grande pressão sobre a área do solo onde a construção foi plantada. É natural que haja pequenas rachaduras por causa da natural acomodação do terreno. Nesse ponto da edificação, isso não chega ser problema, mas uma solução pendente pronta a ser resolvida.
Concluídos os últimos ajustes, a edificação está pronta para o habite-se. Decoração, arranjos e arrumação dão o toque pessoal e final para que a casa abrigando um casal, família possa se tornar, de fato, um verdadeiro lar, doce lar.
Tomando-se o exposto como alegoria, vejo grande semelhança com o recheio da casa, a família. A princípio, dois jovens se conhecem e começam um relacionamento. Inicia-se uma crescente atração que provavelmente, lá adiante, convergirá para um casamento. Há uma metamorfose sentimental necessária que determinará o crescimento e amadurecimento do casal. Ambos, antes solteiros, viviam em torno de si e seus projetos, sonhos. Agora, experimentam pouco a pouco serem ‘eu e você’, ‘você e eu’. Aos poucos progridem para a experiência de ‘nós e nós’ e finalmente o ‘eu por você’ e ‘nós por nós’.
Trazendo para nossa vida diária, o terreno é semelhante ao 'background' (cultura socio-familiar) é o terreno. Como numa edificação, é previsível acontecerem rachaduras ou ranhura entre ambos, como uma construção, onde aprendem mais de si e da outra pessoa. É, em princípio, até saudável o surgimento precoce dessas falhas num e noutro ou em ambas as partes. Isso demonstra que os fundamentos precisam de ajustes. Não devem abandonar a construção, mas proceder de imediato os consertos e concertos (alianças) para as desejadas correções. Nem sempre tudo é acerto. Os desacertos devem servir de alerta que algo precisa ser ajustado. A convivência os ensinará onde quando e como devem ser feitos esses ajustes. Nada acontece por acaso. Até acidentes podem ser previsíveis ou predictíveis para a necessária prevenção e consequente evitação.
Que, sem utopia, possamos sempre rever conceitos, eliminando fatos ou situações de risco que por ventura possam comprometer as relações entre cônjuges, amigos ou até mesmo em relações empregatícias como meios de construir e solidificar o presente em vista a um futuro promissor. Mesmo centrando em si, mas buscando o bem comum, certamente viveremos em paz conosco, nossos semelhantes e o meio que nos cerca.