Por que eu bebo.

- a Nina Rodrigues e Dayvson Nagara.

Por que motivo eu bebo? Me perguntaram.

Não há outro motivo senão, mutilar-me dos meus sentidos

e da minha própria razão.

Pra arrancar de mim, um pouco de mim mesmo, que insiste em saber de tudo.

Que insiste em estar certo.

Não há ninguém mais errado do que um bêbado,

e frequentemente precisamos estar completamente errados e perdidos,

para tomar o caminho correto.

Os sóbrios de plantão, nesse ponto, já devem ter enchido as mãos de pedras para jogar-me na cabeça.

Ah... é só mais um bêbado, um vida torta tentando justificar a própria canalhice.

Canalhas são eles, eu digo, que fazem da sobriedade um vício.

Que fodam-se todos, com seus fígados imaculados e sua pose de retidão.

Todos os meus amigos são bêbados, e loucos, sem exceção.

quase todos são poetas, mas ai não sei se há uma correlação,

Sei que a poesia, apesar de não dependente da embriaguez,

nela viceja e prospera

e entre os goles de cerveja,

é que se expressa minha face mais sincera.

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 08/03/2017
Reeditado em 08/03/2017
Código do texto: T5934131
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