Prisioneira

Ela desfila por ai

usando seu melhor,

sorriso de tragédia.

Aquele que a gente guarda quando tem que rir

pra não chorar.

Ela desfila por aí, roubando olhares

e amores, e espalhando pra todo lado

os que ela não quer,

tudo pra preencher um vazio

que ela não sabe de onde veio.

Ela segue assim, fazendo o que sempre fez,

por vida, mecanicamente,

em busca de um arrebatamento.

mas como ser arrebatada por algo novo,

Se você insiste em viver o velho?...

em amar o que te faz mal,

o que lhe causa um gosto ácido na boca

depois do beijo e do gozo.

É triste, olhar para aqueles olhos

e conseguir ver o que eles tentam esconder

desesperadamente.

É triste escalar sua pele

e perceber que cada arrepio lhe remete a algo perdido

no passado,

em outra pessoa.

É triste estar preso a ela

estando ela também

prisioneira de outro

ou de si mesma.

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 02/02/2017
Reeditado em 03/02/2017
Código do texto: T5900714
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