BLASÉ

Quero carregar minha cruz.

Ter a liberdade da ignorância,

Ser soturno.

Ser estúpido, áspero, grosseiro,

Vil, vilão,

Aceitar a hipocrisia, a cretinice inerente no ser humano.

Não quero a sensação do permanente, da estabilidade,

Não quero a expectativa das horas,

Quero a instabilidade, a imprevisibilidade dos instantes,

Quero o mistério mister da imprecisão.

O contraste do belo,

Ir ou vir, sem regras.

Não deixar rastro... Sumir.

Subir ao quarto céu.

Mergulhar na inconsciência do nada,

Renascer no ovo.

Ter a velhice sem escolha,

Plácido sentar na praça da lua e contemplar,

Sentir o coruscar das VIMANAS por sobre as arvores,

Perder-me na intransigência das idades,

Entender as interrogações as duvida de onde viemos ou para onde estamos indo.

Ser, é não ser amanhã.

Questionar a questão da questão.

Ter livre arbítrio de não tomar partido,

Quero ser espraiado...

Quero ser pó, poeira nos olhos do querer tudo.

Quero o claro-escuro, inicio-fim.

Não agir, ficar parado

Estático.

Não quero ter recordações, quero abstrair-me,

Quero a mão livre para o soco,

O aboio das manhãs.

Caminho de roçado, matas-burras, cancelas,

Quero o entardecer no campo.

Phandora040708.

DAVIDPHANDORA
Enviado por DAVIDPHANDORA em 26/01/2017
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