BLASÉ
Quero carregar minha cruz.
Ter a liberdade da ignorância,
Ser soturno.
Ser estúpido, áspero, grosseiro,
Vil, vilão,
Aceitar a hipocrisia, a cretinice inerente no ser humano.
Não quero a sensação do permanente, da estabilidade,
Não quero a expectativa das horas,
Quero a instabilidade, a imprevisibilidade dos instantes,
Quero o mistério mister da imprecisão.
O contraste do belo,
Ir ou vir, sem regras.
Não deixar rastro... Sumir.
Subir ao quarto céu.
Mergulhar na inconsciência do nada,
Renascer no ovo.
Ter a velhice sem escolha,
Plácido sentar na praça da lua e contemplar,
Sentir o coruscar das VIMANAS por sobre as arvores,
Perder-me na intransigência das idades,
Entender as interrogações as duvida de onde viemos ou para onde estamos indo.
Ser, é não ser amanhã.
Questionar a questão da questão.
Ter livre arbítrio de não tomar partido,
Quero ser espraiado...
Quero ser pó, poeira nos olhos do querer tudo.
Quero o claro-escuro, inicio-fim.
Não agir, ficar parado
Estático.
Não quero ter recordações, quero abstrair-me,
Quero a mão livre para o soco,
O aboio das manhãs.
Caminho de roçado, matas-burras, cancelas,
Quero o entardecer no campo.
Phandora040708.