Combatente
Peitos abertos. É a guerra.
Corações expostos, trincheiras, arame farpado.
Luzes riscam o céu numa imensa cacofonia,
gritos,
sangue.
Nada pode me salvar agora
Digo a mim mesmo,
ainda assim, sigo correndo
de cabeça baixa, evitando os projéteis lançados em minha direção.
Abro a boca, mas de mim não sai nada,
perdi minha voz em algum lugar.
Onde será que foi?
E mais uma rajada vem chegando,
pessoas correm em todas as direções,
mas eu sigo firme,
as balas passam rente a mim
e vou sendo poupado. Para que?
E eis que chego a um campo minado,
a cada passo os que seguem comigo vão se espalhando
alguns morrendo.
Mas eu continuo.
ME sinto num projeto de ciências de uma entidade cósmica mimada,
Preso numa realidade artificial, tosca e cruel.
Essa ideia me empurra para frente, por pura empáfia minha.
Vou desafiando suas leis arbitrárias, esperando que um raio me acerte e me tire do tabuleiro.
Mas parece que ele gosta do desafio.
E mais uma explosão espalha as tripas do mundo em minha frente,
e sigo intocado.
Por que sou preservado?
Por que sou obrigado a ser testemunha desta guerra sem fim,
Eus e Egos se dilacerando,
Por Deus, não sou nenhum Arjuna...