Combatente

Peitos abertos. É a guerra.

Corações expostos, trincheiras, arame farpado.

Luzes riscam o céu numa imensa cacofonia,

gritos,

sangue.

Nada pode me salvar agora

Digo a mim mesmo,

ainda assim, sigo correndo

de cabeça baixa, evitando os projéteis lançados em minha direção.

Abro a boca, mas de mim não sai nada,

perdi minha voz em algum lugar.

Onde será que foi?

E mais uma rajada vem chegando,

pessoas correm em todas as direções,

mas eu sigo firme,

as balas passam rente a mim

e vou sendo poupado. Para que?

E eis que chego a um campo minado,

a cada passo os que seguem comigo vão se espalhando

alguns morrendo.

Mas eu continuo.

ME sinto num projeto de ciências de uma entidade cósmica mimada,

Preso numa realidade artificial, tosca e cruel.

Essa ideia me empurra para frente, por pura empáfia minha.

Vou desafiando suas leis arbitrárias, esperando que um raio me acerte e me tire do tabuleiro.

Mas parece que ele gosta do desafio.

E mais uma explosão espalha as tripas do mundo em minha frente,

e sigo intocado.

Por que sou preservado?

Por que sou obrigado a ser testemunha desta guerra sem fim,

Eus e Egos se dilacerando,

Por Deus, não sou nenhum Arjuna...

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 15/11/2016
Código do texto: T5824074
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