NOITE

E mais um dia falece em noite

Noite que me traz esse meu pesar

Pesar certeiro tal qual um açoite

Açoite de anseios a me acertar.

Acertar-me feito a selvagem chuva

Chuva que, lá fora, o chão colide

Colide e se rebenta que nem uva

Uva é cada gota que o solo agride.

Agride-me essa tamanha tristeza

Tristeza colega minha de outrora

Outrora que veste-me de incerteza

Incerteza de faceá-la ou ir embora.

Embora, hora a hora, o tempo passa

Passa vagaroso e bem de mansinho

Mansinho? - É um ferino cão de caça

Caça-me o velho pesar, sou seu ninho.

Ninho de passarinhos a esperar

Esperar o calor da mãe à meia-noite

Meia-noite! A ode da chuva a acalentar

Acalentar-me e dizer-me boa noite!

Brunno Gonçalves
Enviado por Brunno Gonçalves em 04/11/2016
Reeditado em 21/12/2016
Código do texto: T5812588
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