NOITE
E mais um dia falece em noite
Noite que me traz esse meu pesar
Pesar certeiro tal qual um açoite
Açoite de anseios a me acertar.
Acertar-me feito a selvagem chuva
Chuva que, lá fora, o chão colide
Colide e se rebenta que nem uva
Uva é cada gota que o solo agride.
Agride-me essa tamanha tristeza
Tristeza colega minha de outrora
Outrora que veste-me de incerteza
Incerteza de faceá-la ou ir embora.
Embora, hora a hora, o tempo passa
Passa vagaroso e bem de mansinho
Mansinho? - É um ferino cão de caça
Caça-me o velho pesar, sou seu ninho.
Ninho de passarinhos a esperar
Esperar o calor da mãe à meia-noite
Meia-noite! A ode da chuva a acalentar
Acalentar-me e dizer-me boa noite!