Entregue, acreditei

Ela me olhou e caminhou na ponta dos pés,

como uma bailarina,sem peso...

Sorrindo, me falou.

-Vem dançar comigo,

e me puxou pelos dedos.

Apesar de eu ter em minha consciência que dançar era quase impossível para mim, não lhe ofereci resistência,

Ela encostou o rosto no meu, levantou os braços e

girou na ponta dos pés, magnífica,

grandiosa.

Eu quis que o tempo parasse e nos conservasse naquela posição,

que me conservasse todas as sensações que ela me causava e apagasse todo o resto,

sorri sem graça e lhe abracei como uma criança abraça a mãe, depois de um dia inteiro distante.

não contive as lágrimas que segurei por tanto tempo,

não segurei os soluços,

me deixei cair na graça que aquela mulher representava,

deixei que todo o meu desespero escorresse por meus olhos.

Ela, em resposta, segurou a minha cabeça entre seus seios tentando sufocar a minha angustia.

Estava tudo certo, ela me dizia.

E eu entregue,

acreditei.

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 26/10/2016
Código do texto: T5803823
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