Tubarão de Bacia
Uma garrafa, duas, uma dezena
quantas, eu me pergunto,
quantas eu precisarei beber
esta noite.
Um silêncio irritante me cerca,
num tédio sem nome e sem medida.
e me pergunto, novamente,
quantas garrafas precisarei beber
esta noite.
A lua, partida no meio,
monopoliza o pedaço de céu, que posso ver pela janela,
parece que me olha lá de cima.
como uma dançarina de um puteiro,
exausta, fingida, insensível, cínica.
Me pergunto, quantas cervejas precisarei beber,
até calar as perguntas em minha cabeça.
Mas a embriaguez parece distante,
inalcançável,
como sono que nunca tenho, quando preciso...
As garrafas vão se acumulando no chão,
mas continuo, mais sóbrio do que eu gostaria...
A lua, puta cínica, desceu até tocar o horizonte,
desnuda,
amarelada,
tísica.
Vai me deixar,
como todas sempre deixam, ao final do horário pré-determinado.
Resta apenas a cerveja, pra salvar a noite.
Mas puta que pariu,
a cerveja nunca é suficiente.
Nunca.