Alice

"Alice estava exausta, física e mentalmente, transbordando de suor e de uma satisfação que nunca pensou que podia sentir em sua vida. O vento arrastava seus cabelos e incomodava um pouco os seus olhos, mas da altura que estava, podia ver a quantidade de pessoas reunidas, atraídas pela luta que ela já vinha lutando desde que se entendia por gente. Todos ali gritavam por coisas tão simples, que sempre fizeram parte da sua vida desde o berço e dos seios da sua mãe. Liberdade, Tolerância, Amor. Mas a ressonância dos seus gritos fazia com que Alice se sentisse inebriada, embriagada, intoxicada. Era como se as pessoas tivessem acordando de um sono longo, um torpor perverso que as impedia de ver a simplicidade da vida e agora, finalmente houvesse esperança. Era um tempo de extremismos, de violência de intolerância. De assaltos aos direitos mais básicos do cidadão comum... mas quando tudo parecia perdido, quando a luta e sua militância pareciam sem esperança, quando muitos amigos e companheiros haviam sido reprimidos, presos, agredidos, por quem justamente deveria protegê-los, o povo acordou. Pessoas saiam de casa e ocupavam espaços públicos. Gritando por paz, por uma sociedade mais justa. Os intolerantes, acovardados, ficaram em casa, vendo pela televisão. Alice sentia que tinha nascido justamente para aquilo, para aquele momento. Ela só queria que sua mãe pudesse vê-la lá de baixo, no térreo do prédio do palácio do governo, onde a multidão se reunia. Queria abraçá-la. Beijar-lhe o rosto e dizer, que o amor, finalmente vencera. "

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 05/10/2016
Código do texto: T5782455
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