BOAS NOVAS DE PAZ
Sou, de fato, um privilegiado. Não bastassem a vida, minha família, moramos numa das regiões mais belas e aprazíveis do Planalto Central. Não que seja uma área nobre (para mim o é), mas porque somos agraciados com altitude, ventos elísios, clima razoavelmente estável.
Diversidade de pássaros deste bioma nos encanta a cada canto em distintos timbres a nos encher o ar em suave madrigal. Saindo de casa, logo se nota. O clima nada ameno mostra logo as caras. Calor e baixa umidade resseca a pele de quem o enfrenta. Não muito raro, a mucosa nasal sangra um pouco, mas até isso passa batido, pois a capacidade de nos aclimatarmos é impressionante.
Enquanto o mecânico dava uma geral em nosso veículo, resolvi procurar uma lanchonete para tomar uma vitamina de abacate. Para minha surpresa, só encontrei casa de frituras. Massas fritas acompanhadas de suco de pozinho foram apenas o que pude encontrar num raio de 1 km. Como decidir me valorizar comendo mais saudavelmente possível, resisti àquele apelo de alimento rápido.
Dirigi-me então a um supermercado próximo dali. Quase a chegar lá, passando frente a um restaurante de comida caseira, os fregueses e eu fomos surpreendidos por um casal de joão-de-barro que voavam em torno de mim e cantavam diferentemente do que eles costumam cantar em nosso jardim. É sabido que seu canto é uma espécie de um harmônico dueto inconfundível e belo. No entanto, não me parecia um canto qualquer. Em tom grave e autoritário, aqueles dois joões parecia querer enfaticamente me dizer algo que não conseguia discernir naquele momento.
Depois de me rodear por quatro vezes em círculos precisos e bem definidos e me entregar sua importante mensagem, voaram para o topo do prédio. Comprei o que tinha de comprar para minha refeição alternativa e voltei para a oficina mecânica. Paguei o conserto e retornei para meu lar-doce-lar. Mas aquela cena daquele casal de passarinhos não me saía da cabeça. _ “O que eles tentavam em dizer?” _ Sim, porque não foi algo acidental, mas havia um propósito bem definido naquela ocorrência. Foi aí que puder ouvir todas suas palavras e muito confortaram e edificaram minha atribulada alma:
_ Eis que te trago boas novas de paz! Assim diz o SENHOR: “Olhe as aves dos céus! Não trabalham, mas Eu diligentemente as alimento diariamente. Se diligentemente cuido assim delas, por que não cuidaria de ti, filho meu? Descarta toda essa angústia e confia simplesmente em Mim. Eis que eu te amo. Busca primeiramente a Mim e o Meu Reino. O mais Eu farei por ti”.
Minh’alma exulta de alegria e contentamento. D’us nos ama a ponto de nos enviar os seres mais improváveis para nos trazer mensagens de conforto, edificação e consolação. Quanto já tiveram semelhante experiência.
Crônica
Crédito de imagem:
Engenharia de passarinho, Casa com terraço, João-de-barro, Furnarius rufus, Rufous Hornero, - YouTube www.youtube.com