DIÁLOGO ENTRE DOIS PETS
Prosopopeia / Apólogo
Hoje o amanheceu nublado, uma brisa a roçar-me o rosto enquanto balanço na rede da varanda. Puxando uma pestana, ainda posso ouvir um diálogo interessante, no canto direito do jardim.

_ Marie! Por que você não se cansa de agradecer ao Cheiro, todas as vezes que ele chega ou, mesmo quando ele ou Cheirinho passa por si?

_ Ah, Punky! Você é que nada entende. Antes de ser adotada por Cheirinho, três famílias me abandonaram. A última, na porta deste condomínio. Por isso sou tão grata. Mas, e você? Todas as vezes que Cheiro vai lhe pôr na corrente, você quase perde a cauda de tanto balançar. Onde já se viu ficar contente por ficar presa?

_ Agora que não entende nada é você, Marie. Presta bem atenção. A mão que me acorrenta é a mesma que me dá carinho, casa, comida, banho, agasalho de noite e petisco quando estou fingindo que brigo com você só pra receber sua atenção e as deliciosas guloseima que todo cão adora. "O Amor ao mesmo tempo que liberta, nos prende à pessoa amada!"

_ Entendo, sim mas, e a corrente? Como você é sem noção! Ninguém merece!

_ Vejo que não entendeu mesmo. Minha festa não é porque estou sendo presa, mas já antevendo o momento que eles vão-me soltar. Sempre recebo atenção, cuidado e carinho. O que mais pode desejar um Pet feliz?

_ Nada além de isso nunca acabar. Sempre peço ao Eterno para que eles nunca morram. Essa é sempre minha constante petição.

_ Certo, Marie! Mas o meu desejo é, se eu for primeiro, que eu possa dar meu último suspiro aos seus pés, recebendo seus últimos afagos. Ahhh (suspiros)!

_ Assino embaixo! Onde ponho minhas impressões 'patais'?
Alelos Esmeraldinus
Enviado por Alelos Esmeraldinus em 16/08/2016
Reeditado em 17/08/2016
Código do texto: T5730167
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.