PALAVRAS (Série Reflexiva) ROBERTA LESSA
PALAVRAS PERDIDAS
Minhas palavras se foram, ausentaram-se de minha escrita, somaram-se ao hiato criativo que inundou meu refletir. Jamais pude tê-la comigo, pois não mais me coube escrevê-las, restou-me apenas o dissabor da inércia poética, o simples pulsar poesia deixa espaço para o chorar ausência da gramatical forma de me expressar. Palavras perdidas deixam -me nua de poesias bem urdidas.
PALAVRAS URDIDAS
Minhas palavras se trançaram, engrandeceram-se em minha escrita, ataram-se ao boato percursivo que adentrou . meu ressurgir, Jamais ousei vê-la comigo, pois não mais soube descrevê-la, mostrou-me apenas o contrapor da imperícia estética, o simples artesanar poesia deixa laço para o criar decência da fenomenal forma de me encantar. Palavras urdidas deixam-me nua de poesias bem pretendidas.
PALAVRAS PRETENDIDAS
Minhas palavras se juntaram, cantaram em minha escrita, negaram-se ao contrato discursivo que abarcou meu sentir. Jamais soube querê-la comigo, pois não mais me nutre contê-la, voltou-me apenas o contrapor da imperícia dialética, o simples roçar poesia deixa estardalhaço para buscar demência da original forma de me encantar. Palavras pretendidas deixam -me nua de poesias bem entendidas.
PALAVRAS ENTENDIDAS
Minhas palavras se alaram, meteram-se em minha escrita, iluminaram-se ao imediato volitivo que incendiou meu preferir. Jamais desejei sabê-la comigo, pois não mais me inspira movê-las, aliou-me apenas o contrapor da renúncia ética, o simples caminhar poesia deixa compasso para o olhar paciência da principal forma de me observar. Palavras entendidas deixam -me nua de poesias bem excedidas.
PALAVRAS EXCEDIDAS
Minhas palavras se avolumaram, luziram-se em minha escrita, uniram-se ao substrato emotivo que demonstrou meu consentir. Jamais preferi escondê-la comigo, pois não mais me contenta retê-la, vibrou-me apenas o ouvidor da notícia pragmática, o simples roçar poesia deixa mormaço par a o reafirmar ciência da lateral forma de me ausentar. Palavras excedidas deixam -me nua de poesias bem colididas.
PALAVRAS COLIDIDAS
Minhas palavras se juntaram, mediram-se em minha escrita, engrandeceram-se ao cognato consultivo que ultrapassou meu proferir. Jamais quis recebê-las comigo, pois não mais me interessa distorcê-las, roubou-me apenas o valor da imprudência caquética, o simples querelar poesia deixa cadarço para o atar anuência da temporal forma de me alterar . Palavras colididas deixam -me nua de poesias bem comedidas.
PALAVRAS COMEDIDAS
Minhas palavras se juraram, sentiram-se em minha escrita, aliaram-se ao extrato deliberativo que contrariou meu conferir. Jamais pedi relê-las comigo, pois não mais me nutre anulá-las, interpelou-me apenas o valor da volúpia caquética, o simples cantar poesia deixa mormaço para o acirrar entorpecência da conjuntural forma de me conjurar. Palavras comedidas deixam -me nua de poesias bem perdidas.
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INTERAÇÃO DO QUERIDO E TALENTOSO AMIGO POETA JACÓ FILHO
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"INTROSPECÇÃO
Quase como minha autorização suspensa,
Sinto encolher as palavras, que em Deus,
Tocam com a luz, posta nos versos meus,
E para literatura, fazem toda diferença...
Inspirações recolhidas, enquanto acordo,
Pra sentir esse novo mundo, sem temê-lo.
limitam minha criação, talvez por zelo,
E em sua maioria, após escrito, aborto...
Dessa introspecção mais que necessária,
Nasce um cuidado com o que imagino ver...
E mesmo assim, quando resolvo escrever,
É um parto difícil, quase uma cesária..."
GRATIDÃO MANSA, IMENSA E INTENSA JACÓ.
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