No passado tempo de hoje
Não sou do tipo
Não vi e não gostei
O não gostar é porque já vi, já sei
Em terra de cego
quem tem um olho é caolho
Derruba governos
Rasga portarias e decretos
Para réus serem tratados como reis
E nós na própria sorte de bobos
Nessa corte, nessa aldeia
Sermos governados por homens de cadeias
Que já passaram com suas malas,
Suas cuecas, suas meias cheias
Seus ternos, suas gravatas
Seus jargões jurídicos
Com veneno correndo nas veias
E nós correndo dos lobisomens
Dos vampiros, dos piratas
Dos corsários com seus saques
Suas cabeças cheias de rum
Proclamando vitórias e bravatas
O temer tremor gélido na espinha
Arrepios de medo de baratas
Já sei onde esse trilho descarrila o trem
Onde é o buraco mais baixo
Em que essa estrada acaba
Mas não desisto de meu grito
Não venderei a minha alma
Àqueles que a querem escrava
Vou esperar o grande trunfo do xadrez
(como diria Seixas)
Para poder lutar com minhas armas:
consciência, atitude, reflexão
Corre em minhas veias a essência
O âmago do que sou e digo na palavra