Andreza dos Sonhos
- Não. Não me considero uma mulher sozinha. Digo com toda certeza, só é aquele que mantém cabeça e coração esvaziado. Isso sim, da lugar a um emaranhado de teias, isso é tecer a rede da solidão.
- E eu tenho cá minhas companhias.
Essa é Andreza, moça que apanha latas para reciclar pelas ruas de Nazaré da Paciência, um distante povoado na esquecida cidade de Agasalhos da Alma. Andreza aparenta uma estranha solidão de quem não se sente só. Vive em uma casinha no final da Rua Trevo, e aparenta esse ar de quem pisa no chão sem pisar.
Não raro pessoas curiosas a seguem a certa distância, para escutar esse diálogo que ela trava em voz alta com ninguém aparente, com as latinhas talvez, quiçá consigo mesma...
Alguns já apostaram em assombrações, fantasmas, outros dizem ser uma tal maldição, os mais sábios dizem ser uma tal de Esquizofrenia. O médico lá da cidade já veio, examinou, pensou, e ensimesmado disse lá no café do seu Tonho:
- Essa dona é mais certa que todos nós...
Vá saber.
O certo é que ela fala só, fala com o tempo, com o invisível. Mas se quer ouvir umas boas lições, é só chegar perto, e de certo um recado indireto vai caber para você.
Dizem os fofoqueiros da cidade que dona Andreza, no final do dia, depois do trabalho, acende um fogão de lenha, passa um café, e com a caneca cheia e escaldante, senta no batente e se põe a olhar o tempo.
Quando é sol de fim de tarde, vai falando histórias de desenhos que imagina pelo céu, e dizem, desenha até quando nem nuvens tem...
Ai faz desenhos todos em azul, que se transformam em um breve alaranjar, e viram girassóis no arrebol.
E se chove?
Bom, ai tem mais assunto e mais desenhos, feitos em nuvens cinza e pesadas, e quando a chuva cai, são desenhos de cristais que faz...
E sempre volta a repetir para o invisível:
- Eu só?
- Nunquinha!!!
- Ando coma cabeça cheia de coisas que até derrama, e o coração aquecido, a desenhar pensamentos e sonhos...
- Eu desenho sonhos, depois sonho, depois acordo, e faço novos desenhos, e novos sonhos...
- Isso aquece.
- Ainda duvida?
- E eu tenho cá minhas companhias.
Essa é Andreza, moça que apanha latas para reciclar pelas ruas de Nazaré da Paciência, um distante povoado na esquecida cidade de Agasalhos da Alma. Andreza aparenta uma estranha solidão de quem não se sente só. Vive em uma casinha no final da Rua Trevo, e aparenta esse ar de quem pisa no chão sem pisar.
Não raro pessoas curiosas a seguem a certa distância, para escutar esse diálogo que ela trava em voz alta com ninguém aparente, com as latinhas talvez, quiçá consigo mesma...
Alguns já apostaram em assombrações, fantasmas, outros dizem ser uma tal maldição, os mais sábios dizem ser uma tal de Esquizofrenia. O médico lá da cidade já veio, examinou, pensou, e ensimesmado disse lá no café do seu Tonho:
- Essa dona é mais certa que todos nós...
Vá saber.
O certo é que ela fala só, fala com o tempo, com o invisível. Mas se quer ouvir umas boas lições, é só chegar perto, e de certo um recado indireto vai caber para você.
Dizem os fofoqueiros da cidade que dona Andreza, no final do dia, depois do trabalho, acende um fogão de lenha, passa um café, e com a caneca cheia e escaldante, senta no batente e se põe a olhar o tempo.
Quando é sol de fim de tarde, vai falando histórias de desenhos que imagina pelo céu, e dizem, desenha até quando nem nuvens tem...
Ai faz desenhos todos em azul, que se transformam em um breve alaranjar, e viram girassóis no arrebol.
E se chove?
Bom, ai tem mais assunto e mais desenhos, feitos em nuvens cinza e pesadas, e quando a chuva cai, são desenhos de cristais que faz...
E sempre volta a repetir para o invisível:
- Eu só?
- Nunquinha!!!
- Ando coma cabeça cheia de coisas que até derrama, e o coração aquecido, a desenhar pensamentos e sonhos...
- Eu desenho sonhos, depois sonho, depois acordo, e faço novos desenhos, e novos sonhos...
- Isso aquece.
- Ainda duvida?
Contos Nublares uma criação de Od L Aremse M Peterson
http://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/4228439