Inconcretudes

Que engraçado esta coisa de vento. Sem cheiro. Cor nenhuma. Nem sombra. Às vezes, só alguma textura que acaricia as faces expostas.

Apresenta-se, sem palavras ou denominação, quando toca sem deixar-se tocar. Repica em desarmonia folhas e galhos ao transpassá-los. Espalha pela varanda o jornal milimetricamente assentado na cadeira. Isso tudo é vê-lo? Ou só se podem ver as meras sensações de sua passagem?

Silva pelos cantos agudos das quinas dos telhados. Goteja lágrimas no espalhar de poeira nos olhos desprotegidos ou incautos. E assim diz: “cá estou”. Simples. Invisível. Intocável. Perceptível.

O que mais é vento na vida?