Inominado

Nacos de alma arrancados

Sextavada melancolia do que passou

Estrela de seis cintilantes pontas cruentas

Que reluz ininterrupta

Inerte monotonia que trava e entrava

Novos planos e embolora os antigos

Com a mitigante nódoa do desestímulo

A poesia que abriga, mas não habita

Como velha e abandonada mansão de outrora hospedaria

Quando adentrada, cinge descobertas internas

Pátios gramados recrudescidos

E também sótãos de penúria de adjetivos não acintosos

Sonhos emoldurados em painéis digitais

Nos comerciais ávidos por consumo

Frustração retrógrada que se auto alimenta

De caprichos superficiais e futilidades supérfluas

Onde estão a sonoridade e o mel de melífluo

Ou o real significado de blandícia?

Da maciez já não é lembrada a textura

De brisa interna o Zéfiro se tornou tornado

Que não destrói e nem reconstrói

Apenas sopra, uiva e se faz presente

Na embriaguez sem álcool

E no mergulho para dentro

Na negação da solidão e do envelhecer

Do riso sem vontade

Apenas diplomático

Aura era de angústias sós

Expressas com cartões plásticos

Fazendo tilintar maquinetas eletrônicas

E falsos sorrisos forçados (ou não: apenas alienados)

Que assobiam em telas de última geração

Quem entende a lógica desta analogia analógica?

Luciana Gouveia
Enviado por Luciana Gouveia em 12/01/2016
Código do texto: T5508783
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