Lítio

Não grito mais o que machuca dentro para o vento e o mundo. Percebi que só pareço uma garota histérica e sem razão. Ninguém liga pra suas marcas: "seja racional, porra!". Não espere mãos estendidas. Empatia? A dor é minha. Pena não vale a pena. O carrossel nunca para de girar, seu mundo desaba, mas ele continua. A sua dor não fará o mundo parar. E, sim, é possível ser sozinho estando rodeada de pessoas. Eu não vou mais esperar das pessoas o que eles não podem dar. Eu serei o meu próprio curativo, eu vou estancar o que sangrar.

A minha dor não é maior que a sua, do que a do restante da humanidade. E se eu tiver que ir ao fundo do poço, eu vou. Mas saio dele com ou sem uma mão estendida. Se tiver que gritar, eu grito. Se tiver que bater o pé, eu bato. Mas é meu problema. Eu me socorro. Será a minha mão que irá me levantar. Eu não sou a única e nem a primeira com problemas. Não é fácil pra ninguém. E sabe de uma coisa? Cada lágrima, espinho, pedra, me tornou quem sou. Eu olho no espelho e uma mulher forte me olha de volta. Eu não espero mais dos outros. Eu sou a minha própria razão de não entregar os pontos. Nessa minha caminhada, sou minha própria heroína. E o meu cavalo não é branco, ele é negro como a noite e selvagem. Ele não usa rédeas. Leva-me onde quer.

Não é sentir, não sentir, tentar alcançar o auge, o alto da montanha, é o caminho.

Há espinhos, mas há rosas também.

Eu não me preocupo mais em chegar, só em caminhar.

Porque, mesmo que eu pare, o carrossel NUNCA para de girar.

- A Moça Das Rosas