A dificuldade entre o saber e a aceitação.
Com o passar do tempo até um pouco mais da metade da nossa vida corpórea, vamos de vento em polpa sem perceber que quanto mais vivemos, por mais que lutamos para não aceitar as dificuldade de realizar tarefas que até então fazíamos com um dos pés nas costas, agora mesmo com os dois pés bem firmes no chão, quase não conseguimos mais realizá-las, a não ser com muito esforço e um cansaço de dar inveja a qualquer atleta depois de muito tempo malhando.
É a dificuldade da aceitação entre o nosso saber e a realização fácil das tarefas diárias, que agora se tornou quase que impossível fazê-las sem dores, sem reclamações e lamentos, muitos lamentos. O que me leva a lembrar sempre de meu sogro já perto de seus dias finais, quando dizia chorando a seus filhos, ( o que eu já fui, olha hoje no que me tornei, um estorvo, um peso e um inútil), referindo-se a sua necessidade da ajuda para realizar tarefas das mais fáceis como, tomar um banho, caminhar até um lugar para tomar seu banho de sol e etc . Não estou ainda neste estágio, mas quando vou fazer alguma coisa que fazia de olhos fechados e me atrapalho, me irrito sem motivo comigo mesmo, sem motivo porque minha mente não aceita que o meu corpo já envelheceu e perdeu parte das forças que carregava nas entranhas. Ainda não choro, talvez porque sou já um pouco mais esclarecido do que me vem pela frente, mas me entristeço muito ao ter que pedir ajuda a alguém nesses momentos, é a recusa do cérebro teimando em não aceitar a condição do seu velho condutor, o corpo.
Não adianta saber, é preciso aprender a aceitar e isso, em alguém que se orgulha de nunca precisar de mãos alheias no seu dia a dia, é um verdadeiro tormento. Envelhecer é bom, mas envelhecer com sabedoria é bem melhor, tomara que eu um dia possa dizer isso e não chorar, é um sinal de que a aceitação enfim, adentrou o meu coração. Um abraço e um dia eu volto, se assim o grande Pai permitir.