A história começa com o fim: Era uma vez...fim.

Um dia eu vou correr pelo mundo só com papel e caneta na mão.

Vou guardar o coração no bolso, me lavar na chuva e deixar toda lágrima ir embora junto com a enxurrada.

Vou me esvaziar, ficar leve, jogar fora tudo que impede que minhas asas me carreguem.

Vou guardar seus detalhes na retina.

Eu quero ir embora, quero ir embora de mim.

Me abandonar aqui.

Sentar numa calçada qualquer e escrever sobre quem passa, pra ver se você passa de mim.

Eu vou fitar os olhos de qualquer desconhecido e imaginar que segredos se escondem ali.

Vou contar as histórias de amor dos outros, não falarei mais de dor.

Aqui, posso ser efusiva.

Sabe aquele muro branco? Eu vou escrever "te amo" mil vezes, aquele "te amo" será daqueles casais bonitos que vão passar por aqui, aqueles que se encaixam perfeitamente nos braços um do outro, aqueles que eu vi dividir um guarda-chuva, aqueles que dormiam um no ombro do outro no ônibus.

Eu vou distribuir as cartas que nunca lhe entreguei.

Será que a carta vai aquecê-los?

Eu quero que eles saiam gritando por aí o quanto se amam.

Ele a ama. Ela o ama. Ele o ama. Ela a ama.

Quero aprender com eles: quero deixar de ser um amor meia boca e deixar de aceitá-lo .

Um dia eu vou ser puro amor, sem medo, sem dor.

O amor será gritado, grafitado, cantado.

Serei eu, o papel, a caneta e o amor.

(A Moça das Rosas)