Solilóquio mental de um um doidão à espera do ônibus

Saio de casa atrasado,

e vejo que acabei de perder o ônibus

que deveria pegar.

Ando até o ponto e me encosto na parede

me perguntando como posso ser tão azarado.

Pego o celular para tentar rir um pouco, ou para me abismar com comentários absurdos e idiotas que flutuam pelas redes sociais hoje em dia.

É melhor do que ficar sem fazer nada, enquanto espero para subir em mais um ônibus lotado,

num balaio de gato, de pessoas cansadas demais para serem gentis,

de loucos, hipócritas, crentes e descrentes,

de gente inteligente e de gente com merda na cabeça.

Todos unidos pelo aperto,

pela catinga de sovaco ocasional

e pela pressa.

Puta que pariu,

hoje todo mundo tem pressa.

Chamam de 'relaxado' quem não tem.

mas eu tento viver as coisas no meu tempo. sem me agoniar demais,

sem ceder a ansiedade

E assim se passam vinte minutos,

e eu vejo um ônibus se aproximando,

mas o motorista queima parada

penso em xingá-lo, mas a verdade é que não era culpa dele... não cabia mais nenhuma alma viva dentro do ônibus.

Por fim, continuo a esperar, resignado...

para cada Barro/Macaxeira perdido, sempre tem um Dois Irmãos (Rui Barbosa) pra salvar o meu dia.

Assim, resolvo me retirar à minha insignificância

acadêmica,

poética,

e humana,

e me conformar.

enfim, o negócio é ter paciência,

e fé - tendo em vista a Babilônia que anda o mundo -

que nenhum maloqueiro venha me roubar...

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 20/11/2015
Reeditado em 30/01/2022
Código do texto: T5454706
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