A sociedade e seus devaneios
Quando se pergunta: “Deve-se reduzir a maioridade penal no Brasil?”, a maioria responde sim, como comprova pesquisa realizada em São Paulo, com 93% a favor da redução . Mas infelizmente muitos desses pensam apenas no ato criminoso, sendo levados a observar o problema de maneira superficial e particular, esquecendo a análise de sua raiz.
O Brasil, como todo mundo está cansado de saber, é um país que apresenta elevados índices de desigualdade social e educacional. Esses são a chave, ou melhor, a raiz do problema da grande violência em nossos dias. Quando um jovem comete um crime, é porque ele foi posto como uma mera “barata” diante da massacrante sociedade capitalista, onde poucos se quer tem o suficiente para sobreviver.
O governo deveria priorizar a diminuição da desigualdade social e educacional em nossos dias, e parar de se preocupar com a próxima reeleição, pois medidas de combate ao déficit social e educacional não é nos quatro anos que se faz, são medidas feitas ao longo prazo. Tal fato é mais que comprovado no plano de metas do governo, no qual a educação aparece como ultima prioridade, pois a reeleição é o alvo. Outra medida importante é a participação da sociedade no planejamento e execução dessas medidas, pois se um jovem falha é porque a sociedade falhou, a escola falhou, a família falhou.
O problema da violência não é algo particular, é algo que envolve todos da sociedade. Desde a pessoa que dita o padrão da moda até o jovem de “boa classe” que usa esse padrão. Se cada vez mais jovens são levados ao crime, é porque em seu convívio familiar e em sua comunidade falta algo que em outro por ele visto sobra . A redução da maioridade penal não é a questão a ser discutida, e de maneira nenhuma resolverá o problema da violência, ela o agravará mais ainda. Quando se toma partido do grupo do “sim”, estamos simplesmente tirando a nossa culpa enquanto sociedade e jogando-a apenas no governo, e isso não é o certo. Aceito o dever de combater as desigualdades juntamente com o governo, e assim evitar que os menores infratores de hoje não sejam os de amanhã.
Rafael José Ventura da Silva
2º Período de Administração
FOCCA.