Dóditche da Capo Lapidado #001: FAZENDO, QUE FAÇA O BEM
Dóditche (da Capo Lapidado)*
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Tem gente que pega barro
E, com ele, todo se lambuza
Outros, dele, fazem jarro,
Panela, portes, abusa
E extrapola em criação.
Há aqueles que com tijolo
E faz, casa, jardim, monjolo,
Dá asa a imaginação.
Cria bem, não faz parolo,
Palácio, prédio, mansão.
Nesses vieses eu me amarro…
Bem da criatividade se usa.
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Há quem, de algodão, chumaço
Faz tampão, faz cataplasma,
Fiando linha, cura, espasma,
Tece o pano sem embaraço.
Com capricho, faz tecido,
Bela estampa em urdidura,
Mas há aquele, pós cosido,
Faz trapo e após, cerzidura,
Do bem, do mal faz mistura
A chorar desiludido.
Se afunda em tanto embaraço,
Tão sôfrego a ver fantasma.
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Tem gente, que vem, rabisca
Riscos, letras sem sentido,
sem lógica, cor, partido.
Qual pássaro vem, belisca,
Qual gralha, pardal ou nisca,
Moela abaixo, sai premido.
Há quem cria com maestria,
Gente que risca e rabisca,
Faz projetos, segue à risca
Sem acabar em heresia.
Gente que, de ideia prisca
Tece a mais bela poesia.
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Como compor um Dóditche da Capo Lapidado:
Dóditche da Capo Lapidado, ou simplesmente Dóditche, é uma criação de Od L'Aremse, variação progressiva do "Dódeka,, um estílo híbrido entre o Dódeka da Poetisa Aila Brito e este autor e o Extrato da Capo Garimpado do Poeta e Bosco Esmeraldo.
Etimologia: Dóditche, do italiano, 'dodice' - doze.
Estrofação: trinta e seis versos distribuídos em três grupos de doze ou grupetos de doze versos assim distribuídos: 12, [4,6,2], [6,4,2]
Rimada: 12[ABABCDDCDCAB] 12[EFFE GHGHGH EF ] 12[IJJIIJ KLLK LK].
Métrica livre, à escolha do Poeta. Quando escolhida, prezar por mantê-la até o final do Dóditchi. Porém, se assim escolher o poeta, pode usar versos assimétrico, ou seja, sem métrica, devendo apor, abaixo do título, "Versos assimétricos".
Lirismo deve escorrer pelas linhas e entrelinhas.
Boa leitura! Boas feituras!