A droga de cada um
Todo mundo que José conhecia tinha uma droga. Algumas óbvias, outras ninguém via.
Pedro, o porteiro, bebia. Gastava o salário todo em cachaça e vinho,
carreteiro.
Maria, a empresária falida, tomava um rivotril ou dois, pra esquecer de suas dívidas e do marido.
Luana, a patricinha, lia contos eróticos e se masturbava até dormir, por se sentir sozinha.
Já o fotógrafo Marcelo, traía.Traia a esposa com qualquer pessoa, só pela emoção vazia.
Carla, se prostituia. Transava e mentia. Jurava amor, depois sumia, pra fumar o seu cigarro em paz.
Mateus, o advogado, no fim do dia, sempre enrolava um baseado.
Mas José, estudante, ainda perdido, só fumava ou bebia de vez em quando.
também transava, se apaixonava e as vezes mentia.
Fazia tudo isso, sim, como os outros.
Mas nada daquilo era um vício, ou uma fuga desesperada.
A fuga de José era na poesia,
era alí que ele se perdia
se embriagava, adormecia, e se indulgia de um prazer egoísta,
Era ali que ele se anestesiava
que ele se queimava,
e que renascia.