A droga de cada um

Todo mundo que José conhecia tinha uma droga. Algumas óbvias, outras ninguém via.

Pedro, o porteiro, bebia. Gastava o salário todo em cachaça e vinho,

carreteiro.

Maria, a empresária falida, tomava um rivotril ou dois, pra esquecer de suas dívidas e do marido.

Luana, a patricinha, lia contos eróticos e se masturbava até dormir, por se sentir sozinha.

Já o fotógrafo Marcelo, traía.Traia a esposa com qualquer pessoa, só pela emoção vazia.

Carla, se prostituia. Transava e mentia. Jurava amor, depois sumia, pra fumar o seu cigarro em paz.

Mateus, o advogado, no fim do dia, sempre enrolava um baseado.

Mas José, estudante, ainda perdido, só fumava ou bebia de vez em quando.

também transava, se apaixonava e as vezes mentia.

Fazia tudo isso, sim, como os outros.

Mas nada daquilo era um vício, ou uma fuga desesperada.

A fuga de José era na poesia,

era alí que ele se perdia

se embriagava, adormecia, e se indulgia de um prazer egoísta,

Era ali que ele se anestesiava

que ele se queimava,

e que renascia.

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 29/09/2015
Reeditado em 29/09/2015
Código do texto: T5397984
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