Um verso mau caráter
Um verso antigo,
que ficou preso
e se perdeu nos cantos mais escuros de minha memória,
grita dentro de mim, pra ser solto.
Se faz de vencido e conformado, esperando que eu deixe-lhe a porta aberta,
por desleixo.
Mas não caio em seu artifício.
Não lhe liberto, pois há de me consumir e fazer de mim seu escravo.
Esse verso se veste de paixão. As vezes de amor.
Mas hoje ele tenta me enganar, se fingindo de saudade.
Quer sair de mim, como fazia antes
incendiando meus dedos, roubando-me o sono.
- Não! Sempre lhe digo.
Na esperança que desista
Se nunca tive paz com a poesia apaixonada,
Hei de viver tranquilo,
com minha prosa sem paixão.