ÁGUAS BARRENTAS (gambiarra poética-27)
MARÇO ERA O MÊS,
O ANO NEM SEI,
A HORA ERA ALTA!
E O DIA?
O DIA ERA NOITE,
A NOITE ERA UM BREU!
LÁ FORA O TROVÃO,
VENTAVA E CHOVIA.
E O CHÃO?
O CHÃO A GENTE VIA,
QUANDO O RELÂMPAGO ABRIA,
E LANÇAVA UM CLARÃO!
ERA TEMPESTADE,
A MAMÃE REZAVA,
O PAPAI LUMIAVA,
COM UMA LAMPARINA!
REDE POR REDE!
SUBIA NO SÓTÃO,
CAÇANDO GOTEIRA,
SE O ARROZ MOLHASSE,
DEPOIS DAVA O MOFO,
E O QUE NÓS COMIA?
O DIA AMANHECIA,
A PORTA SE ABRIA,
E O PAPAI CHAMAVA,
VENHAM VER! CRIANÇADA!
NÃO SE ENXERGA NADA!
SÓ ÁGUA BARRENTA,
DESCENDO DAS ANTAS,
E DO CAIARÁ,
ALGUÉM PERGUNTAVA,
ONDE ESSA ÁGUA VAI?
RESPONDIA O PAPAI;
CAI NO JAGUARIBE,
E DESÁGUA NO MAR.