QUAL SENTIDO?
Qual o segredo?
Tudo que deixa de ser alimentado acaba morrendo. Os pensamentos morrem quando ninguém os pensa mais. As pastorais e as devoções morrem quando deixam de ser inovadas e se estereotipando apenas mantendo ou reformulando estruturas. Uma vocação e um ministério, assim como um trabalho, quando não vem instigado e estimulado acaba por cair na mesmice, na rotina e morre. Certamente cada um aprende segundo seu próprio nível, na maioria das vezes compreendemos mal ou desconhecemos inteiramente o que devemos viver e, assim, temos muita dificuldade em formular o que queremos e aonde queremos ir, desse modo, contentamo-nos apenas em participar daquilo que os outros propõem. Morremos porque perdemos tempo vivendo de imitação, de reprodução do que seja agradável aos outros e evitando inovação e novos esforços para pensar e viver coisas diferentes. Temos medo da liberdade e das pessoas livres, assim como do que é novo ou diferente, mas por que? Preocupados que somos com a integração social até nos esquecemos de integrar nosso próprio eu, ou seja, buscamos nos acomodar às conveniências sociais, politicas e religiosas e viver o que é ‘globalmente’ correto e marginalizamos o que seja primordial e indispensável para nossa própria felicidade. O que é livre não se deixa engarrafar, por isso tendemos sempre a rotular as coisas, as pessoas e até o pensamento para podermos controlar melhor. O que é fugidio não é garantido e não oferece segurança e nós nos preocupamos mais com segurança que com a própria realização. Devo sim ter uma casa, bens, uma inscrição para garantir o futuro. Mas que futuro? Desde quando ele é real? Verdade é que não podemos sair desoladamente por ai fustigando e desafiando as normas ou destruindo os próprios recursos de modo desmiolado, mas é verdade também que, se quisermos ser felizes por um momento, não podemos economizar na operação do próprio entendimento do que seja necessário fazer para se encontrar. Qual o segredo da vitalidade que deve correr nas veias de quem se coloca em caminho? Qual a chave mestra que deve descortinar o horizonte de seres que não se deixam aprisionar pelo bem-estar, onde evitar problemas e levar uma vida sossegada parece ser a coisa melhor? Por que se renunciam os sonhos e a conquista da felicidade por algo que seja mais cômodo e menos arriscado? Não que seja preciso anarquia e rebeldia ou revolta, mas o medo de ser desconsiderado ou marginalizado leva muitas pessoas a desistirem de si mesmas, em detrimento do que seja justo, do que seja bom e verdadeiro para se adequarem ao que é comum, rentável e aceito. Realmente cada qual dever arcar com as próprias responsabilidades e escolhas, mas isso é a lei da natureza, porque cada ato carrega consigo as suas consequências e querer fugir disso, se não é ingenuidade, é burrice ou maldade. Sabendo que o fumo me provoca certas reações presentes ou futuras e eu de maneira consciente continuo a usa-lo, devo porem me preparar para possíveis efeitos. Não existe ação neutra. Alguém que passa a vida engando os outros e a si mesmo, possivelmente se encontrará sozinho posteriormente dado que os outros perdem a confiança. Assim como alguém que seja sempre ausente, mais dias menos dias não fará nenhum tipo de falta. A felicidade é a vida vivida de maneira intensa, coerente e generosa no presente. Qual o segredo? Evitar todas as dores possíveis a si e aos outros e curtir também o máximo possível cada instante e cada situação, seja boa ou não. Isso é imediatismo? Não, isso é a sabedoria de quem encontrou a chave da eternidade. A preocupação e medo levam à perplexidade e a desorientação e, de consequência, a falta de sentido e de ânimo. Uma felicidade completa, sem problemas e sem reticencias? Não existe, apenas os momentos felizes que devemos nos agarrar para suportar os momentos difíceis. E se a vida e a felicidade deixam de ser buscadas e alimentadas, provavelmente iremos para onde a correnteza nos levar e não onde queremos vislumbrar.