Contemplação : Crepúsculo do Horizonte
Quando a jornada é longa... e o caminho segue através do Horizonte...
Muitas vezes, o que se pode fazer no momento é sentar na beira do árido asfalto.
Olhar as aves de rapina sobrevoando o cristalino azul do céu de poucas e pequenas nuvens, permeado pelo dourado quente e constante do grandioso Sol.
Vislumbrar por onde passei e pressentir: o destino ainda não chegou.
Fechar os olhos (não há mais ninguém além de você!) e sentir o vento que surge do nada e que passa tocando sua pele, cabelos, roupa, suavemente balançando sua mochila que está entre as pernas levemente flexionadas para relaxar a musculatura da caminhada...
...e, por alguns 'segundos de minutos' - ou 'minutos de segundos' -, quem sabe, olhar para o coração...
...compreender sua motivação, encarar a realidade e seguir em frente.
Depois do Horizonte, o quê nos aguarda? Como saber?
Somente quero chegar. E eu quero chegar ao destino que me prometeram. Que eu ansiosa e pacientemente - eis a esperança em conflituoso paradoxo - aguardo, diariamente.
Enquanto o destino não vem, estarei caminhando no acostamento. De repente, eu possa encontrar uma bicicleta e pedalar!
"Mas por quê a pressa? Sentir a areia afagando a planta dos meus pés também tem seu privilégio"...
Durante esses segundos, além da mochila sustentando o que preciso, eu espero e tenho o vento, como companheiro, bradando em suave voz:
"O Horizonte é que aguarda por você".
Então...
Abro os olhos, vejo o céu, o Sol ainda brilha. O Horizonte não se moveu nem se ausentou.
Me levanto, sem pressa e sem demora, sem medo mas com cautela, ansioso e paciente...
...meus olhos são atraídos para a minha direita [não importa mais o que já passou!], que lembram aos meus pés: "há um caminho". E meu coração, jubiloso e sorridente, é impulsionado a percorrê-lo. Até que eu conheça se ele termina em alguma esquina, ou se somente é o início para, finalmente, contemplar o meu fim (qual é o meu destino?).
Estarei caminhando até nos encontrarmos: o Horizonte. O destino. O fim do começo e o princípio... do que existirá...
...no crepúsculo do Horizonte subsistente.