De grão em grão [90]
CAMINHO DO MEIO E MEIO DO CAMINHO
Sempre me perguntei se o caminho do meio seria exatamente no meio do caminho. Mas nem o meio do caminho fica necessariamente na metade do caminho, matematicamente no ponto médio.
No budismo, o termo “caminho do meio” foi usado por Shakyamuni para definir o caminho que transcende as opções extremas, conforme consta no glossário da Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. Além disso, o termo também indica a verdadeira natureza de todos os fenômenos, que não pode ser definida por categorias absolutas como as de existência e não existência.
Falando de forma mais simples, o caminho do meio indica um equilíbrio e ponderação em oposição ao radicalismo ou extremismo. Refere-se também ao caminho harmonioso do relacionamento entre as pessoas, diferentemente do apego à visão pessoal e egoísta.
Às vezes, o caminho do meio é o ponto mais extremo do trajeto. (Repare que eu disse “extremo”, não “extremidade”.) Porque tendemos a nos basear nas extremidades. Quando percebemos que estamos próximos de uma ponta, causando desequilíbrio, podemos focar tanto na extremidade oposta, que passamos pelo meio do caminho despercebidamente.
As extremidades, nós sabemos onde ficam e quando chegamos. O equilíbrio é difícil de ser medido e fácil de sair dele. Para chegar ao equilíbrio, é preciso esforço; para sair dele, basta descuido.