Pensamentos que ficaram em janeiro

Eu nunca pensei que fosse ser tão difícil manter alguma integridade depois de um rompimento. Os dias foram passando e por alguns momentos pensei que eu iria me dissolver no ar e desaparecer, tal era a minha vontade de deixar de existir, ou pelo menos deixar de pensar naquilo tudo. Eu andava pela casa, para me manter longe do quarto, o lugar onde ela tinha passado a maior parte do tempo que esteve comigo.

Joguei no lixo tudo o que me lembrava dela. Joguei tudo o que fora dela.

Confesso que para conseguir me sentir vivo de novo eu tive que mudar um pouco a pessoa que eu era. Tive que arrancar de mim tudo o que estava infectado por sua presença. Só assim a dor foi amenizando e eu comecei a parecer um ser humano novamente.

As ruas de Recife hoje me são menos atraentes, com sua iluminação alaranjada e o barulho e fumaça de seus carros. As pessoas nos bares me soam menos interessantes e a cerveja terrivelmente insípida. Mas eu continuo andando pelas ruas, frequentando os bares, conhecendo pessoas e me embriagando. Faz parte do processo.

Acredito que em algum momento vou emergir curado disso tudo. Sem olhar para trás. Sem me arrepender de nada.

Não vai ser hoje e provavelmente não será amanha, nem daqui a uma semana.

Talvez seja no carnaval... ou no fim do ano.

Mas sempre existe a possibilidade de que eu leve essa amargura para a cova comigo e viva minha vida carregando comigo uma cicatriz meio aberta...

No fim não importa. Um homem tem que seguir em frente de um jeito ou de outro.

Ou pelo menos ficar parado, onde quer que seja, sem se lamentar.

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 23/02/2015
Código do texto: T5146799
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.