Réquiem
Tenho a imagem de um espelho no qual um aperto de mão acontece no centro, onde metade das mãos passam por ele e a outra equilibra a realidade que se perdeu no encontro. Depois de uma segurança adquirida, a certeza que perdura é que não há nada mais interessante que perdurar nas duvidas, seria esse encontro o fim de todas as perguntas já indagadas aos céus? Ora, seria também isso saber que os santos são uns gozadores, e que como nos contos infantis, as respostas estavam, - com a licença do clichê -, dentro de si. Saber que temos as respostas em nós e cogitar começar uma busca por elas, sozinhos, é bem mais assustador que acreditar que a esperança e a verdade sobre cada um estão guardadas em algum lugar em outra dimensão ou mundo, sob vigia da onipresença. Mas, por qual motivo isso seria assustador? Gostaria de dizer a quem não percebeu ainda, descobrir que o que pensa na superfície da mente não é nada, é quase como criar uma segunda cabeça, bem mais independente e sem regras, dolorido e assustador.
Quantas sensações se aproximariam da morte são desconhecidas, quantas vezes já calei o impulso dos nervos pensando que quase morri, quando na verdade, só o susto foi que grande. Relacionar morrer a subir ao céu, mas ter em si o entendimento de que sentir que estar morrendo é cair ou afundar, não poderia ser esse o paradoxo mais relevante a refletir depois de um risco? Poderia ser um fenômeno físico, o emocional, a psicanálise, a culpa ou poderia julgar irrelevante mesmo.
A pior teoria poderia ser a melhor prática, ser ou correto ou ser errado, duvidar da própria índole é um exercício saudável que põe à prova: A certeza? A dúvida? O amor próprio? E novamente, a culpa? A culpa.