De grão em grão [77]
"As pessoas estão tão acostumadas a ouvir mentiras,
que sinceridade demais choca e faz com que você
pareça arrogante." (Jô Soares)
Que mundo é esse em que vivemos, minha gente? Um mundo em que é mais comum mentir e levar vantagem. Um mundo em que esperto é aquele que se dá bem sem esforço. Um mundo em que bonzinho é bobinho, ingênuo. Absurdo mesmo.
A inversão de valores é tamanha que quando alguém demonstra gentileza ou generosidade, desconfia-se logo de qual será a intenção. De fato, o que vemos é que não existe nada de graça, nada a toa. As relações são sustentadas por algum interesse – seja de ordem material ou emocional.
Essa bagunça moral faz com que muita gente menospreze o esforço das pessoas, faça questão de ignorar ou desvalorizar o empenho dos demais, chegando a dizer que não vale a pena tanta dedicação. Insinuam que é melhor relaxar e curtir a vida, porque no final tudo dá certo (por si só, automaticamente). E que é idiotice se esforçar demais, porque sempre tem um jeitinho de se resolver as coisas facilmente.
Um mundo duro, cruel, parecendo injusto, desumano. É por isso que, em uma de suas mensagens de ano novo, o grande mestre Daisaku Ikeda observou: “Hoje, a humanidade anseia por uma sólida filosofia de coexistência e harmonia. Essa filosofia, por natureza própria, deve estar enraizada em valores que sustentem a dignidade da vida.”
Ele tem dito frequentemente e há muito tempo que a humanidade clama por uma nova filosofia e direcionamento, tanto individualmente como para a sociedade. O desenvolvimento científico e tecnológico não preenche a lacuna humanística no interior das pessoas.
Tenho fé e convicção na verdade e na humanidade existente no coração das pessoas. Tenho certeza que ainda nem todas as mentiras sejam reveladas, todos os mentirosos são desmascarados em algum momento. Tenho confiança de que a verdadeira vitória só é construída por meio de esforços sinceros e não com demonstrações oportunistas daquilo que não é.