De grão em grão [76]
A gente não pode ser refém dos nossos próprios sentimentos. Porque o nosso coração cria realidades e visões muito tendenciosas. Fantasiosas até!
Se nos sentimos ridículos, não significa que somos realmente ridículos. No meio de uma multidão de ignorantes, o intelectual parecerá ridículo. Entre consumidores de drogas, quem não usa é careta.
O fluxo tende sempre a fazer com que o solitário se sinta errado, o que sabemos que não é verdade. A humanidade tem vários exemplos de solitários corretos – pioneiros em ideias e inventos, considerados loucos no início; alguns até morreram por causa disso.
O mesmo ocorre com os sentimentos “positivos”. Podemos nos achar o máximo, os melhores, e levar um tombo do mesmo tamanho. Quem se acha, apenas acha, isso quando realmente achou. Achar não é ser. E tem muita gente que demonstra aquilo que nem acha que é. Talvez justamente por saber que não, tenta mostrar o contrário.
Precisamos ter cuidado. O coração é muito traiçoeiro. Envenena a visão, polui os sentidos, distorce a mente, e consequentemente afeta julgamentos e conclusões. Tanto em relação a nós mesmos quanto ao que vemos nos outros.