O último baile

Um sonho tão esperado, cultivado pelos seus progenitores.

Um laço amarrado de bordado amarelo, uma cinta, um salto. A dama.

Daquela velha chama só o rastro, o amargo gosto das cinzas cardíaca.

De remorso se compõe seu sorriso, de angústia brilha a pupila. A dor.

Agora, de salto, um passo para a derradeira dança. A sentença vil.

Alterada de Run, suas órbitas giravam em harmonia com a canção.

Assim como um planeta seu corpo também era preso por uma gravidade, bem mais grave.

Vislumbravam-se todos que a viam, aos rodopios incessantes a moça sorria. Lembrava-se que o primeiro beijo também lhe trouxe os mesmos calafrios, os arrepios, a vertigem.

Aos poucos o riso perdia espaço pra lágrimas impiedosas, enrubescendo-lhe a face, agora febris. As cenas do fim, não eram de sorrisos, não eram com jasmins. Eram mórbidas, agonizantes, eram lembranças de um amor. Desses que corrói a última veia, rouba o ultimo suspiro. Desses que lhe custam a vida. Seu giro nunca fora cíclico, ele tinha seu fim. Ela caiu.

Seus ruivos cabelos ganhavam mais vida com seu sangue, com sua morte. Mas isso não doía, do fim ela já sabia.

Só não sabia amar.